“Eu-galhofa”

“Eu-galhofa”

Estou aqui para avacalhar o mundo, para entreter a solidão com a minha desilusão. Tropecei e não cruzei a linha de chegada. Que bom! A vitória e a sorte são instituições, na qual, o fraco precisa de acreditar. Eu vivo no gerúndio da vida e das conquistas. Eu estou ouvindo Mozart, em pleno carnaval, e dançando a valsa da vida sobre a verdade milenar. Quero ver o pronome reto – eu - se perdendo nas curvas e silhuetas do mundo e, dessa maneira, encontrá-lo em “nós”.

Estou aqui para achincalhar a existência! Amar mais que o próprio amor pode amar e, sem medo, pular o precipício que separa vida e morte – morro de amor para viver o grande amor. Aluguei, de frente para a morte, o meu túmulo e comprei, a vista, um espaço no infinito e tornar-me-ei sócio do cosmos. Sou eu a molécula que avacalha a eternidade!

Quero pirraçar tudo! Abri a sala, da minha casa, para a vida sentar. Servi inconsequência e acontecimentos e propus, para ela, viver a vida que eu vivo. Eu decapitei a minha cabeça! Perdi-me em meus caminhos e me encontrei em meu regaço. Faço descaso comigo mesmo, pois quero sair da farra da vida feito um bagaço. Frequento meu inconsciente, constantemente, e liberto minha punção aprisionada. Sou ID e vinde a mim os ociosos e preguiçosos criativos.

Rasguei a ordem máxima e libertei minhas divagações. Dura lex, sed lex, por isso, devo obedecer, somente, minhas vontades. Impus, a mim, a responsabilidade da irresponsabilidade e menti para a verdade para confundir as suas certezas. Sou eu a minha própria catarse!

Estou fazendo chacotas pelo mundo! Contribuo com a ordem e o progresso com o caos de mim mesmo e pirraço o óbvio com o labirinto de minha essência. Sou eu um acidente! Vivo o “viva”, à margem, fugindo do centro e rasgando os vestígios, fatos e, por que não, quebrando monumentos? Sou eu o depredador de instituições!

Estou nadando no líquido do mundo e construindo um lugar no não-lugar. Sou eu o entre-lugar! Estou contra a corrente, mas meu braço forte nada em favor do agora.

Estou com vontade de tomar uma bebida forte – cicuta – e fazer a última galhofa sobre o contrato.

Oiram, a Víbora Notívaga