UM PEIXINHO FRITO

Aos três anos fomos morar em Belém Novo, quando retornamos para o bairro Cavalhada eu estava com sete anos, lá em Belém Novo moramos em três lugares diferentes. Muitos funcionários da Prefeitura mudaram-se para Belém Novo e Restinga Velha papai preferiu comprar um terreno em Belém Novo naquela época ele trabalhava no Gabinete do Prefeito como continuo. O bairro tinha por baixo umas dez peixarias por isto seguidamente comíamos peixe frito, à milanesa, ensopado, enfim de todo jeito, no meu caso eu adorava lambari frito, eles eram enormes e mamãe cortava fora o rabo a cabeça, as vísceras e a pele com escamas e eu na volta parecendo um gatinho querendo garfar um guizadinho. Mamãe a todo instante dizia para que eu saísse dali, pois a gordura estava quente, gordura de coco onde cada metade era mergulhada, depois daquele ruído característico de fritura estava pronto.

Já com seis anos tinha encasquetado que um dia seria marceneiro e não largava o martelo, talvez a primeira investida tenha sido contra a casinha que papai construíra para minhas irmãs brincarem, tirei a divisória que demarcava o espaço de cada uma lá dentro, pronto havia comprado uma guerra. Mamãe estava fritando peixinhos para mim, quando entramos todos enrolados, as duas me acusando de ter estragado a casinha de brinquedo, como de praxe a mamãe disse que a gordura estava quente e que saíssemos dali, então minha irmã mais velha num ato de vingança denunciou que o peixinho não era peixinho, mas metades de aipim fritas. Lá sei foi um dos encantos de minha infância. Hoje comerei peixinhos à milanesa.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 02/03/2014
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