Julguei o Caranguejo
O caranguejo fitava a mochila entreaberta da garota. Algo o atraía. Ela sentara-se de costas pra ele numa toalha fina. Da cor da areia da praia.
Aquela forte atração fazia-o aproximar-se. Mas ao menor movimento dela, mexendo nos sedosos cabelos ou virando-se por qualquer motivo, ele se afastava meio temeroso. No entanto, a atração pela mochila da garota não permitiria que ele se fosse em definitivo.
Até que ela se levantou. Ele correu imediatamente para trás. Com a habitual destreza de quem corre do mesmo modo para frente. Dessa vez aterrorizado. Mas ainda pode ver aquelas pernas longas e bonitas, sem qualquer indício de varizes ou celulite. E a bunda maravilhosa, fazendo-se exuberante naquele biquíni sumário.
O brilho do sol na tampa do batom, o que de fato o atraía, era agora maior. Perto do meio-dia. O caranguejo tudo sabia. Sabia, por exemplo, pela bunda dela, como o rosto seria. E que o batom havia sido feito pra ela. Não pra ele, que se iniciava na sua trajetória definitiva de caranguejo gay.