Um olho lá e o outro cá...

Perde-se o que se tem, o que não se tem ou o que sonha em se ter acreditando no que virá se é que virá. Tenho um pé de jabuticaba aqui em minha casa, acontece que a sua localização é no morro e na divisa com a minha vizinha, já falo logo que somos excelentes vizinhos, graças a Deus, o convívio é maravilhoso, mas uso essa situação para ilustrar melhor o meu pensamento. Dias atrás, finalzinho de junho, estava o pé carregado, lá foi eu catar jabuticaba, acontece que muitas estavam em galhos de difícil alcance, e eu também estava desprovido de uma sacola para colocá-las. Mas a ânsia em tê-las e degustá-las era tão grande que mesmo estando com as mãos cheias, pois já havia pegado algumas mais acessíveis, queria mais, antes mesmo de eliminar as outras. Conclusão, não consegui alcançá-las e as que eu já tinha, acabaram caindo no quintal da vizinha. Para muitos, o amanhã sempre pode ser melhor do que hoje, e em muitas situações, pode mesmo, é até necessário que o seja. Mas creio que devemos ter muito cuidado com essa forma arriscada de viver. A ânsia ou ganância em ter me atrapalha ser, e no final, o que posso acabar tendo são o arrependimento e uma baita dor de cabeça por não ter sido a pessoa que deveria ser no momento em que deveria ser. A preocupação em dar um futuro melhor aos nossos filhos, o que ainda é incerto, se não ponderada e planejada pode eliminar o que é certo, a nossa presença. Se uma boa criação vem de berço, marcamos presença nesse berço. Um olho lá e outro cá! Os dois lá, jamais! Ah, e de preferência, o olho melhor, cá! Conquiste o que tiver que conquistar, mas sem perder o que já conquistou!