EU JÁ TREPEI MUITO

Sou de opinião que para tudo na vida existe hora certa. São aqueles momentos que, ou tu aproveitas, ou perdes a oportunidade de gozar com emoção e prazer tudo o que aquele ato te oferece. Sentir o coração pulsar mais forte, a adrenalina ir a mil, a satisfação de estar lá, aliado ao receio de estar fazendo algo perigoso e, por vezes, de desastrosas consequências. Mas eu sempre soube viver intensamente as ocasiões que a vida me apresentou. Pequena ainda, lá pelos sete ou oito anos, me aventurava e trepava o mais alto possível, pois, e não sei por que, o fruto mais gostoso sempre é aquele que está mais distante e deve ser conquistado passo a passo. Numa determinada ocasião, minha ânsia era tanta que, desprevinidamente, coloquei o pé onde não devia e o tronco quebrou. De outra feita, afoitamente, me lancei de corpo inteiro e quando me olhei quase desmaiei ao ver o sangue escorrer de minha perna. Adulta, ainda mantive o hábito por muito tempo. Até o dia em que senti estar de pernas bambas e tive que desistir desse prazer. Afinal, trepar em árvores exige equilíbrio e, hoje eu sei, não é mais coisa para mim.
O "tronco" que quebrou era o galheto de um pé de fruta-do-conde e eu caí acavalada num galho mais baixo. Pensei ter perdido a virgindade! Aquele em que escorreu sangue da perna, foi um salto que dei de um pé de camélia e caí justo no meio de uma roseira. Rasguei a perna!
Para finalizar, eu poderia ter dito "subir" em vez de "trepar", mas este era o termo que, sem malícia, usávamos na infância, minhas primas e eu. E é olhando, hoje, para aquela goiaba madura e temporã, que eu penso: foi bom enquanto durou!

                                                                                                                                                Giustina
(imagem Google)
Giustina
Enviado por Giustina em 01/03/2014
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