Milagre da Amizade

Outro dia partilhei com uma pessoa muito querida um slide que recebi por e-mail.

A mensagem define frases do comportamento humano que não estão no Aurélio.

Tenho por essa pessoa um grande respeito e imensa admiração e sempre que posso digo isso a ela.

Trata-se de alguém que tem sempre uma palavra boa mesmo que seja para chamar a atenção da gente.

No e-mail aproveitei para comentar sobre situações que estou superando e que ela acompanha.

Falei de como somos capazes de enfrentar um mundo de riscos e acidentes por outras pessoas e valorizamos tão pouco a nós mesmos.

Nos maltratamos, nos desrespeitamos, entramos em conflitos desnecessários...

Quanto tempo demoramos para sair de uma situação mesmo sabendo que ela não faz mais sentido.

Nossa! Como o ser humano é complexo e descuidado consigo mesmo.

Será por falta de amor próprio?

Ela me respondeu assim: - Pois é, a gente só enxerga quando está fora do contexto, os outros vêem, mas a gente não, é assim mesmo com todo mundo.

Na verdade somos nos quem nos ferimos e nos tornamos infelizes e não nos damos conta disso.

É fácil falar, analisar, mas é complicado entender, compreender e aceitar...

Sabemos que é assim mesmo. Quantas dores, quantos desvios, quantos naufrágios, quantos labirintos... Quantas lágrimas.

Ficamos o tempo todo invigilantes e é isso que nos derruba.

O mais bonito foi quando ela disse: - Todas as vezes que eu choro lembro da música Milágrimas... (a cada mil lágrimas sai um milagre...)

É verdade parece que depois de tudo, as coisas vão tomando seu rumo, os olhos limpam e conseguem enxergar tudo, e o milagre vem...

Quantas vezes atribuímos ao outro nosso estado de descontentamento, culpamos o ambiente e pessoas do trabalho, que na verdade já não nos satisfazem mais, o parceiro (a) que não nos surpreende como antes, a vida financeira que não atende nossas expectativas, o governo, os políticos, as mudanças de temperaturas e por ai vai...

Partimos em busca de novidades e levamos conosco a insatisfação que é nossa, individual, e onde quer que estivermos ela nos acompanha.

É isso, enquanto não reconhecermos que não são as pessoas e o mundo ao nosso redor, nada se modifica.

A mudança só vai acontecer quando enxergamos que a falta de contentamento é nossa e depende exclusivamente de nós percebe-la e modifica-la.

O auto-conhecimento nos dá essa clareza, mas é preciso assumir responsabilidades reais sobre o que somos e o que realmente queremos para nós.

Não é fácil reconhecer isso, conseguir esse entendimento leva tempo comprometimento, autodisciplina, coragem, força de vontade e amor próprio. Cada um tem o seu próprio mecanismo e período.

Assim é possível ver o mundo e o nosso lugar nele de maneira saudável e honesta.

Que conversa boa a nossa, ainda que por e-mail.

E tantas que sabemos que existem entre amigos de verdade. Pessoas que escolhemos para dividir a nossa vida e o nosso íntimo.

Como é bom saber que podemos contar com um colo amigo, bondoso, sincero e seguro. Embora a presença física não seja constante.

Saber que a pessoa amiga estará sempre pronta a nos ouvir é um presente.

Eu, particularmente, tenho muita gratidão por essa amizade, sei que isso fortalece o laço de carinho e respeito que existe entre nós.

Acredito que se os olhos forem bons, se vê beleza em tudo.

E essa certeza eu tenho os nossos olhos são bons.

É realmente impressionante a letra Milágrimas – de Itamar Assumpção e Alice Ruiz. Por isso eu entendo perfeitamente o seu sentimento ao mencionar a música.

No ano de 2006 nós assistimos ao Show Milágrimas em São Paulo, um espetáculo de Ivaldo Bertazzo, com direção musical de Benjamim Taubkin e Arthur Nestrovski.

Deixo a letra a vocês. Espero que gostem!

Milágrimas

Em caso de dor ponha gelo

Mude o corte de cabelo

Mude como modelo

Vá ao cinema dê um sorriso

Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo

Se amargo foi já ter sido

Troque já esse vestido

Troque o padrão do tecido

Saia do sério deixe os critérios

Siga todos os sentidos

Faça fazer sentido

A cada mil lágrimas sai um milagre

Caso de tristeza vire a mesa

Coma só a sobremesa coma somente a cereja

Jogue para cima faça cena

Cante as rimas de um poema

Sofra penas viva apenas

Sendo só fissura ou loucura

Quem sabe casando cura

Ninguém sabe o que procura

Faça uma novena reze um terço

Caia fora do contexto invente seu endereço

A cada mil lágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal

Chorar for inevitável

Sinta o gosto do sal do sal do sal

Sinta o gosto do sal

Gota a gota, uma a uma

Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre

A cada mil lágrimas sai um milagre

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 01/05/2007
Reeditado em 02/05/2007
Código do texto: T471019