Dejavú

Palavras saltavam como um parto doloroso e infinito em frente a um espelho extenso e fixo. Senti o escorpião que andava sobre sua pele, marcando suas costelas e refletindo em mim toda sua agonia. Seus olhos têm o mapa de todo o meu interior, onde meus pés desconhecem todas as trilhas, e se perdem tentando me encontrar.

Enquanto eu sangrava, seu coração escorria pelos meus dedos, se tornando um só ritual clichê, semelhante a um dejavú, triste e torturante a cada nova cena vivida. Suas lágrimas me afogavam em vastos mares, surrando meus poros. Fugi daquele labirinto assombroso, mas sua face estava por toda parte, acusando minha culpa sem redenção.

Desejei transpassar aquele corpo e roubar toda a sua aflição, levando para os meus jardins, juntamente com suas memórias cinza. A noite cobriu o céu nublado que nos presenciava e mais uma vez novas tempestades vieram com nossa permissão, cumprir o seu papel, aquele que o destino lhe proporcionava.

Lu Veríssimo Art
Enviado por Lu Veríssimo Art em 28/02/2014
Código do texto: T4709984
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