Neblina

Nesse solo morno por onde aventuravam meus pés, tranquilos e tenros, armadilhas me alcançaram enquanto meus cílios completavam sua jornada lentamente. Distrações me enganaram, arrastando-me para aquela neblina de fim de tarde de inverno, roubando minha visão e o timbre daquele calor que envolvia minha pele, adotando tudo em mim para si, concretizando um laço, que fora quebrado por passados perturbadores e tristes.

Desejos dispersos e turvos bloqueiam minhas certezas, mas toda a sensação nostálgica ainda paira sobre mim, vontade de encontrar seus olhos novamente, implorando salvação e que me cegue para que eu não veja a dor novamente, mas razões diversas faz sua imagem tremer dissipando dos meus sonhos, como ilusões confusas e misteriosas. Caminho em direção do vento, mas sinto seus punhos rígidos em minhas mãos suplicantes.

Ser que passa por mim, que congela o tempo implicitamente, envolvendo meus pensamentos, lançando melancolias e rouba meu riso, somente para que eu te visite. Previsível e intrigante me convida proibidamente em silêncio, ações contradizem suas vontades ocultas, que no fim se unem aos meus medos. Tudo ao redor é simples, diante das coisas que não se movem, pois qualquer palavra ou gesto faz sangrar a todos os mortais marcantes.

Adormece cantando para mim inconscientemente, assombrando o meu lar. Corro da sua presença ao mesmo tempo em que preciso permanecer. Sua face agradável e suas letras doces envolve a rocha gélida que bate em meu interior obscuro. Parte de mim quer estar lá para ti, como naqueles tempos, outra parte está perdida na mesma neblina em que nos nossos rostos foram gravados pela primeira vez. Permaneço dando voltas e almejando por me encontrar outra vez.

Lu Veríssimo Art
Enviado por Lu Veríssimo Art em 27/02/2014
Código do texto: T4708900
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