CARNAVAL BRASILEIRO E SUA GRANDE LIÇÃO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Gosto de usar a palavra garra como sinônimo de esforço, empenho, dedicação, suar camisa, agir mais que falar. Enfim, entusiasmo, determinação.
O carnaval do Rio chega a ser considerado o maior espetáculo da terra, embora pessoalmente não simpatize com superlativos nem comparativos. Sem dúvida, trata-se de um show vibrante, um exemplo de empreendedorismo e empreendimento coletivo. Por certo, o Brasil pode muito mais. Em esforços coletivos, de liderança plural, sem expectativas messiânicas numa só pessoa para a salvação da pátria. O grito de D. Pedro I ecoou apenas pelas margens plácidas do Ipiranga. No campo político, bem que a população, em vez de brincar com seu voto ou de vendê-lo a quem dá mais, poderia reagir decididamente à corrupção institucionalizada, à escassez de escolas e à inexistência de hospitais padrão FIFA, à insegurança pública, à violência no trânsito, à impunidade dos grandes e aos desmandos de nossos representantes. Na verdade, nem a oposição reage suficientemente, tampouco abre mão dos privilégios que eles próprios, aliados e não aliados, se concedem generosa e acintosamente.
Enquanto não diminuir a distância que existe entre nossos políticos e o cidadão que trabalha, e paga muito imposto e os sustenta, dificilmente um grito de independência, à semelhança de um grito de carnaval, ecoará por todo o Brasil. Parece que as cenas de vandalismo eclipsaram o brilho das manifestações populares. Oxalá um dia venha a valer efetivamente o slogan: “O povo, unido, jamais será vencido”. Unido como no carnaval.
Esta, a meu ver, tem sido a lição do carnaval carioca e de outros carnavais pelo Brasil afora. Por que não existe esse mesmo “esprit de corps”, das autoridades e do povo, também para as necessidades básicas da população? Será que o pós Copa do Mundo trará uma resposta? O Dia da Mulher vem aí. “É preciso ter garra sempre”, Maria, Maria... Mistura de dor e de carnaval.