VIVA O CIRCO!!!

VIVA O CIRCO!!!

Está chegando mais um circo, onde o povo irá brincar e esquecerá a folia, não tão carnavalesca, que é a vida. Vestidos de uma falsa alegria, o bloco dos sonhos mutilados seguirá cantando as mazelas. Nessa festa, não tão popular, (pois pra entrar, hoje em dia, precisa ter dinheiro) a vida será cantada em refrães “criativos” que soarão por toda parte.

“Ê ô ê ô, o cordão do apedeuta, cada vez, aumenta mais”. O que se percebe é uma massa que, mesmo atolada em problemas, ainda conseguirá pular em cima da tristeza e se divertirá com a ilusão oferecida que, logo depois, será cobrada bem cara. Tudo tem um preço, até a fugaz alegria tem a sua taxa; a de manter a passividade enquanto no escuro caminharão os reis momos (polpudos e pomposos), os verdadeiros foliões da avenida. Um pierrô apaixonado e uma colombina; um bêbado e uma dançarina; personagens de um sistema – Panis et circenses - que se repete durante milênios. O circo sempre foi ofertado, mas, não se deve esquecer que o aplauso final nunca virá para o folião da sobrevivência. O confete e a serpentina enfeitam os castelos dos verdadeiros donos do carnaval e, para a massa, restará apenas uma ressaca financeira.

A praça, como disse o poeta, é do povo, mas os bancos sempre serão daqueles que podem comprar um melhor lugar para ver de longe, bem de longe o bloco dos que lutam pela sobrevivência. Na avenida desfilarão gente de todas as raças e as máscaras irão cair quando a quarta-feira chegar. É, nessa hora, que o cansaço da folia será esquecido, pois a vida não admite festas. O sorriso farto logo começará a doer e a embriaguez eufórica tropeçará na sobrevivência – o dia a dia embebeda com o amargor da labuta. No carnaval todos são iguais, até a hora em que a carteira de dinheiro é solicitada, pois quem pode pode, toma uísque e red bull, quem não pode se sacode, com seus aguardentes. Nas entrelinhas da marchinha será possível ouvir um coro de abastados cantar: “Tá todo mundo alegre, com o circo oferecido, o povo vai se enganando, enquanto estamos nos divertindo. E viva o Circo, onde o povo passeia pela arena pra divertir seus domadores.

Mário Paternostro