Tão acostumada aos fins
Tão acostumada aos fins, que já nem me empolgo mais com os começos. Quão mais longe eu consiga chegar é o que realmente importa. Aí estará a minha vitória.
Começar um novo projeto e até mesmo um relacionamento deixou de ser pura expectativa ou busca pelo sucesso, tornou-se um desafio, quão longe conseguirei chegar dessa vez? Até onde iremos juntos?
Acostumei-me ao fracasso? Não exatamente, continuo tentando e isso que comprova que não me acomodei.
Se algo vem a dar errado ou tem um fim inesperado não me descabelo tanto como antigamente, não desmorono e acho que é o fim definitivo. Se existe vida então há esperança, não é o que dizem?Vivo meu luto e sigo em frente com o que restou de mim.
É verdade que com o passar dos anos fui sendo amortecida pela dor, dia desses o dia terminou de um jeito diferente e foi aí que percebi.
Nesse dia fui dormir sorrindo nem recordo o porquê, sei que estranhei a presença da felicidade naquele sorriso espontâneo.
Foi como rever um parente ou amigo distante, um reencontro.
E nessa mesma noite me peguei pensando, será que estou me sabotando?
Será que me fiz perdedora e concentrei todas as minhas energias em perder e suportar a dor ao invés de triunfar?
Será que esqueci que tinha de acreditar no que fazia?
Adormeci e como mágica as respostas vieram no dia seguinte, numa conversa casual com um amigo de trabalho ele me disse algo que seviu como resposta para aqueles questionamentos:
" Ás vezes ficamos tão cegos pela dor, que não enxergamos um palmo a nossa frente e com isso tropeçamos sem parar e a única culpada quase sempre é a falta de sorte e não nós mesmos, que diariamente agimos da mesma forma, obtemos os mesmos resultados e esperamos que um dia a vitória chegue e nos abrace".
Eu não havia comentado nada com meu amigo e não sei se ele percebendo o meu erro jogou-me essa indireta, que acertou em cheio os meus dois olhos.
Esperar que algo desse errado antes mesmo de começar era uma forma de me proteger da dor do fracasso e também uma forma de perder, não me dedicava inteiramente a nada, esperava apenas que viesse a fracassar.
Aquele inoportuno sorriso, foi o que me fez perceber e as palavras do meu amigo só confirmaram o que eu já sabia, passei anos me sabotando.
É preciso aprender a recomeçar e a acreditar, só assim algo realmente tem grandes chances de dar certo.