MEDO DE SER AMADA

Na tarde de 26 de fevereiro de 2014

Por razões que não posso jamais elucidar, aqui nem em qualquer outro lugar, e ao contrário da maioria absoluta de mulheres e de homens, hoje tenho medo, mesmo pavor de ser amada - Claro, falo do amor no sentido que habitualmente se dá à palavra "amor"; não falo do amor - o mais amplo - a todos, nem do amor aos amigos, nem do amor fraterno, nem do amor filial... Falo do amor em que todos pensam quando se fala em amor, esse que liga dois seres um ao outro, de modo especial; não falo do Amor que liga o homem ao seu Deus, ou do amor entre mãe e filha, entre irmão e irmã, entre amiga e amigo, entre seres de uma mesma confraria, entre os seres todos da mesma Espécie, entre seres de Espécies diversas, como o amor de um homem a seu cão e vice-versa...

Eu que já quis tanto ... tanto... tanto... ser amada desse amor que, não raro desemboca em paixão, paixão que, por vezes, toca a irracionalidade, que em outras tenta eliminar o mundo para que só existam o ser que ama e o ser amado, que em alguns vira obsessão e, graças a Deus em raríssimos, mesmo possessão... eu que, na verdade, só quis ser simplesmente amada, amada simplesmente... eu que amei e amo peguei medo, mesmo pavor de ser amada.

E, no entanto, já quis tanto ser amada... Ah, amigos, não me perguntem, nunca lhes poderei elucidar porque o sonho, o desejo de ser amada se tornou tal impossibilidade em mim. Ninguém me pergunte isso, nunca, nunca. Eu jamais poderei nem terei o direito de responder. A ninguém, senão ao Deus.