A CARONA
Estava tão atrasada quanto perdida. Caminhei por algumas ruas à procura de informações e, nada consegui. Não podia faltar a este compromisso. Já sem esperanças e quase vencida pelo sol de meio dia, eis que avisto um homem saindo de um edifício. Em seguida, corro para perguntar-lhe o que já havia perguntado há várias outras pessoas: ''Poderia me informar onde fica este endereço?'' Mas, ao contrário das respostas recebidas anteriormente, ele educadamente me diz: ''Não sei bem onde fica o endereço, mas posso ajudá-la a procurar. Meu carro está estacionado logo ali. Vamos?!'' Confesso que, não pensei no perigo e logo aceitei a proposta. Sei que fiz errado, ele podia ser uma espécie de maníaco ou um ladrão de órgãos fugido da policia, mas, eu precisava chegar ao meu destino. E foi assim: mentalizando a minha chegada a tempo, bati a porta do carro e coloquei o cinto. Algumas pessoas que estavam na rua, as quais me viram perguntar por informações e nada fizeram para ajudar, olharam com reprovação quando aceitei a carona do Renné. Eu nem liguei, se fosse dar atenção ao que as pessoas dizem e pensam, com certeza estaria louca e presa em um manicômio. Como dizia, meu objetivo era chegar ao meu compromisso, mas depois que o carro começou a se movimentar e entrou para a avenida, comecei a ter medo. Por alguns minutos o silêncio foi total, de ambas as partes. Eu olhava para o Renné e ele retribuía o olhar. Às vezes sorria. De vez em quando me pedia para repetir o endereço, para que pudesse memorizar. Depois de algum tempo o medo passou. Começamos a conversar sobre seu trabalho, meu colégio. Também falamos sobre alimentação. Ele se alimenta melhor que eu, bem mais saudável. No entanto, na minha idade tudo pode: palavras do Renné. Talvez a resposta seja esta: a minha idade. Pra mim foi apenas uma carona, pra ele foi uma breve viagem à adolescência. Em uma fase que tudo pode e que, por mais que haja rebeldia existe uma inocência inconsequente que faz acreditar, e sobretudo, aceitar a carona de um desconhecido!