PASSEI  ALÉM  DO  “BOJADOR”   
 
 Eu não tenho filosofia; tenho sentidos... 
(...)
Amar é a primeira inocência, 
E toda a inocência é não pensar... 
(versos de Fernando Pessoa)
 
 Faz algum tempo Falcão Dourado deixou um comentário num dos meus textos, que dizia: “Quando navegamos em águas claras... não há porque voltar atrás, o horizonte é o limite”.
 
Ao encontro desse horizonte sigo eu; o vento sopra a meu favor e à proporção que me distancio do cais vou me desprendendo das amarras e navego nesse mar sem  fim; não deixo rastro, apenas um risco na água que logo se desfaz. E o que me dá tranqüilidade é que não me aventuro numa viagem de circunavegação, mas a certeza de não mais voltar ao ponto de partida. 
 
Dos meus olhos não mais brotarão  lágrimas , pois para chorar já não mais existe a dor. 
 
Afirmo tal, contrariando Shakespeare , que deixou dito: “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”. 
 
Senti e dominei, dela consegui me libertar, passei além do “Bojador”. 

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(Ilustração da escritora Maria Luiza Martins)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/02/2014
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