Sabia que maracujá acalma?

Ficam por ai dizendo que eu que sou nervosinho velho esclerosado, ranzinza e outros adjetivos que não ouso repeti-los aqui. Tudo porque reclamo da fila do banco, da falta de troco no ônibus, do pão frio da padaria, do provedor da Internet que me deixa a flor da pele todos os dias, principalmente as noites, do assaltante que me rendeu a esquina, do policial que não prendeu o político ladrão, do aluguel cobrado criteriosamente no dia do vencimento, e ainda das contas de luz pisca-pisca, água poluída, telefone mudo, e até o ipeteu que a prefeitura não dispensa.

Acordo estressado com a motocicleta vermelha do filho do vizinho, que às seis horas da manhã liga o cavalo de ferro deixa lá fazendo pó-tó pó-tó pó-tó, que é para aquecer o motor e testar meus nervos. Após uma estridente acelerada às seis e meia quando metade do meu sono já virou bagaço é que toma seu destino! Ai começa a passar as crianças que vão para a escola apressadas puxando aquelas mochilas e junto um barulhinho chato prurrum purrum purrum que emitem as rodinhas. Tudo estrategicamente cronometrado para que eu comece o dia irritado.

O diabete aliado ao estresse matinal já atingiu a minha audição. Se a visão já me faz chamar vovó de anjinho, ouvir palavras mal pronunciadas está me confundido. Já vestido com minha calça preta Muçum (em memória) e a minha vistosa camisa vermelha menstruação, em homenagem a vitória do Flamengo, pisei na soleira da porta e lá da rua a mulher que passa com o cestão vendendo produtos de sua horta, me perguntou com sua voz tímida de sertaneja: “Vai de couve?”, e eu que não havia entendido respondi aos gritos: “E a senhora ainda me pergunta o que é que houve?”. De imediato, sem graça por minha gafe, acabei por comprar não só couves como dúzias de maracujá, fruto que agora não dispenso.

Agora antes de dormir um copo de refresco de maracujá, ao acordar para fazer xixi outro copo, pela manhã dois copos antes do pó-tó pó-tó pó-tó da moto, e no almoço além do refresco tem como sobremesa mouse de maracujá. Resultado, o mundo ficou melhor: A moto do vizinho faz menos barulho, as rodinhas das mochilas soam como mote a educação, e o IPTU não é tão caro como eu imaginava! Embarco no ônibus com o dinheiro trocado, e a fila do banco ficou mais curta! Por isto aconselho aos amigos leitores que tomem maracujá, o efeito é fenomenal; as pessoas com quem você convive ficam mais calmas, com certeza!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia... Se não tomasse maracujá, haja cara chato! seupedro@micks.com.br