Adesivos de Família
Vinha distraída no trânsito, quando um carro em alta velocidade me dá uma bela fechada. Na traseira, um adesivo mostra um hominho, uma mulherzinha, duas crianças e um bicho de estimação que não identifiquei, porque o motorista vazou rapidamente pela saída à direita. Não consegui me certificar se o autor da barbeiragem era o papai, a mamãe ou um dos fedelhos. Do jeito que ele guiava, acho que era o cachorro. Ou, ainda mais provável, o gato.
Curiosos esses adesivos de família. Além dos tradicionais casal e filhos, com alguns extras, como os avós e animais, há representações bastantes para todos os muitos tipos de famílias modernas: só um dos pais com as crianças, já que é cada vez mais comum os filhos ficarem ao encargo de um dos cônjuges, após separação ou viuvez; dois homens ou duas mulheres ao invés de um casal, numa referência às relações homoafetivas; um homem e várias mulheres ou o contrário, só bichos no lugar das crianças, garrafas no lugar da família...
Mas o que mais me intrigou mesmo foi um que vi num Ka: dois casais, com as crianças no meio. Seriam as representações dos padrastos também, numa afronta a tudo o que aprendemos sobre as madrastas nos contos de fada? Deve ser. Tudo muda tanto quando o assunto são as relações familiares... Por que não teríamos carinho e reverência, pelos cônjuges de nossos pais. Afinal, em comum com eles, está o amor que lhes devotamos. Aliás, a única coisa que não muda é o amor. Ele estando presente, “família” se tornou mesmo um conceito bastante elástico.
Vivemos tempos difíceis. Muitos condenam os adesivos, por exporem aos meliantes a situação familiar do proprietário do veículo. Não sei se concordo muito com isso. Uso um adesivo com o endereço do meu site literário no meu carro e houve quem achasse perigoso. Histeria coletiva ou não, prefiro não aderir ao modismo. Ainda mais, porque entre os meus adesivos estariam três rottweilers, um labrador, duas viralatas de porte grande, cinco de porte médio, três de pequeno porte e as três salsichinhas, nossas guarda-botas. Só não ficaria igual ao de um colega aqui do trabalho... Ao lado do adesivo "Deus é pai", hominhos, mulherezinhas, idosos, criancinhas e animais preenchem toda a lataria. Faz sentido. Se Deus é pai, somos todos irmãos.
Agora, voltando ao barbeirão que me deu a tal fechada no início deste texto... Ao invés daquele adesivo de família, acho que lhe faria bem melhor usar outro, um daqueles que seu Hermínio usava no painel do Fusquinha marrom e que mostrava numa foto em preto e branco as carinhas das duas filhas, ao lado da frase: “Não corra, papai”.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Família
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/familia.htm
Curiosos esses adesivos de família. Além dos tradicionais casal e filhos, com alguns extras, como os avós e animais, há representações bastantes para todos os muitos tipos de famílias modernas: só um dos pais com as crianças, já que é cada vez mais comum os filhos ficarem ao encargo de um dos cônjuges, após separação ou viuvez; dois homens ou duas mulheres ao invés de um casal, numa referência às relações homoafetivas; um homem e várias mulheres ou o contrário, só bichos no lugar das crianças, garrafas no lugar da família...
Mas o que mais me intrigou mesmo foi um que vi num Ka: dois casais, com as crianças no meio. Seriam as representações dos padrastos também, numa afronta a tudo o que aprendemos sobre as madrastas nos contos de fada? Deve ser. Tudo muda tanto quando o assunto são as relações familiares... Por que não teríamos carinho e reverência, pelos cônjuges de nossos pais. Afinal, em comum com eles, está o amor que lhes devotamos. Aliás, a única coisa que não muda é o amor. Ele estando presente, “família” se tornou mesmo um conceito bastante elástico.
Vivemos tempos difíceis. Muitos condenam os adesivos, por exporem aos meliantes a situação familiar do proprietário do veículo. Não sei se concordo muito com isso. Uso um adesivo com o endereço do meu site literário no meu carro e houve quem achasse perigoso. Histeria coletiva ou não, prefiro não aderir ao modismo. Ainda mais, porque entre os meus adesivos estariam três rottweilers, um labrador, duas viralatas de porte grande, cinco de porte médio, três de pequeno porte e as três salsichinhas, nossas guarda-botas. Só não ficaria igual ao de um colega aqui do trabalho... Ao lado do adesivo "Deus é pai", hominhos, mulherezinhas, idosos, criancinhas e animais preenchem toda a lataria. Faz sentido. Se Deus é pai, somos todos irmãos.
Agora, voltando ao barbeirão que me deu a tal fechada no início deste texto... Ao invés daquele adesivo de família, acho que lhe faria bem melhor usar outro, um daqueles que seu Hermínio usava no painel do Fusquinha marrom e que mostrava numa foto em preto e branco as carinhas das duas filhas, ao lado da frase: “Não corra, papai”.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Família
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