Manifestações contra a Copa!?
Para quê?
Para quê, eu me pergunto.
A comparação com o futebol é inevitável. Alguém já viu um juiz de futebol 'voltar atrás' por causa de 'manifestações' contra a marcação de um penalti, por exemplo?
Pois é. Trata-se de perda de tempo ou, pior, pode render uns cartões amarelos ou até vermelhos.
Alguém acredita, em sã consciência, que alguma 'manifestação' vai 'revogar' a realização da Copa?
Pois é. Eça de Queirós - aquele mesmo que disse que "políticos e fraldas devem ser trocados periodicamente e pelas mesmas razões" - diria que essas 'manifestações' sofrem de "obtusidade córnea ou má fé cínica", ou seja, os 'manifestantes' estão enganando a si mesmos porque são bovinamente estúpidos ou estão induzindo pessoas simples a se enganarem, fazendo-as crer que apostar no impasse possa de alguma forma ser benéfico.
Será que é preciso lembrar a todo momento que o golpe (que a 1º de abril próximo estará completando 50 anos!) e a ditadura militar que a ele se seguiu já encerraram seus ciclos?
Hoje vive-se num estado democrático de direito; situação e oposição se revezam ocupando cargos eletivos em todos os níveis, seja nos executivos ou nos legislativos.
E existem formas e instrumentos para exercermos a cidadania: Conselhos, Sindicatos, Partidos Políticos, Associações de Classe, Grêmios, Voluntariados, ONGs de todo tipo, o diabo a quatro.
São as formas pelas quais a sociedade civil organizada pode e deve se manifestar com responsabilidade. Êta palavrinha fácil de dizer e difícil de praticar: RESPONSABILIDADE. Quer dizer que toda opção que fizermos -qualquer que seja - trará bônus e ônus.
Destruir bens públicos e privados, descer o cacete em tudo, poderá render mais que simples cartões amarelos ou vermelhos.
De repente, pode resultar num cadáver.
Pense que pode ser do amigo do seu filho, do namorado da sua filha. Pode ser do seu filho. Ou da sua filha. E pode até ser o seu próprio.
Para quê?