Agride a solidão
Sutilmente caminhava pelas noites escuras. Proveniente de uma imagem esbelta esbanjava nos ares odores extasiantes. Era dócil, delicada e simplória, delineadamente glorificada pela contagiosa harmonia entre os mares e céus. O sublime de seus sinistros, a alvorada noite adentra tomada de energia.
Sagazmente impetuosa, assim era.
Solenemente voava entre os arbustos silvestres, cortava-se em devaneios entre dores e sacrifícios diários. Em pele, colágeno, em mente, uma mulher.
Julie. Assim a chamavam. Mas dentro de si, algo gritava que era Laura. Seu nome era Laura. Seu corpo era Laura. Mas todos a chamavam de Julie.
E por quê?
Por que chamar alguém que não quer ser chamado?
Laura, Jasmin, Henriqueta e quantos outros. Vários nomes, todos tão insólitos quanto à própria alma da pequena garota.
Seu olhar perdido entre o vento e os leitos pelas camas de hospital. Seus braços flácidos, tão grossos quanto folhas de um velho jornal.
Estava lá, só, com suas Marias, Joanas e Fernandas, mas ainda assim só. Tão só quanto o vácuo entre o céu e o inferno, entre o verão e o inverno, entre o pra sempre e o eterno. Tão só, quanto o viver de um dia triste, por todos os dias que lhe restaram de uma alma que não arrisque.
Confusa em seus pensamentos, vivendo seus mais loucos devaneios e sobrevivendo com o espírito no purgatório, sem mais velórios ou lucidez.
Julie e seu corpo Laura, suas perdas, suas calmas, seu jeito de resplandecer em credos, o que nada crê e o que só vê quando sente o quente arder na pele de toda a gente, de um sol que se proclama infeliz...