O RIO: DA SUA FORÇA À SUA MORTE

Sou o suor. Sou a força. Sou o vento.

Sou a vontade. O desafio. O sustento.

Sou grandioso. Incontrolável. Sereno.

Eu acalmo. Eu protejo. Sou intenso.

O pescador me abraça. Me glorifica.

Ele sabe que vou vencê-lo. Mas ele fica.

Ele conhece meus truques. Não precisa de dica.

Ele quer meu sangue. Ele me critica.

Manso eu conquisto amores todos os dias.

Por vezes brabos, eu temia destruir. Eu não sabia.

Por natureza longo, os quatro ventos eu conheço, ou conhecia.

Assim como o homem que quer me matar. Eu também o conhecia.

Amanhã eu não vou mais aí, minha morena. Meu amor.

Vejo máquinas no meu leito. Nas minhas ondas. No meu esplendor.

Eles dizem que eu serei importante. Que eu preciso desse sacrificio, mesmo sabendo que importante já sou.

E nada poderei fazer. Só sentir saudade de você. Sentir saudade do vento. Sentir saudade do peixe. Sentir saudade do pescador.

Geovani Nogueira
Enviado por Geovani Nogueira em 21/02/2014
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