A MORTE DA MISS.

Primeira página de “O Globo” de hoje, foto de Génesis Carmona, vinte e dois anos, agonizando nos braços de um garupa do motociclista que a leva ao hospital. Morre logo depois de chegar. Um tiro na cabeça nas manifestações da Venezuela.

Fechou o cerco o monopólio da vontade construído pelo chavismo.

Não se mascaram as ditaduras formais por muito tempo. É da história da humanidade o ditador calar o povo para mentirosamente favorecer o próprio povo. Calam primeiro as instituições ou compram seus integrantes ou os substituem. Depois o povo todo nos bolsões que querem a livre expressão. E manipula o ditador a miséria e a implementa cada vez mais para aparentemente saciá-la.

Encarnam um assistencialismo divisionário e falso, pois o assistencialismo verdadeiro é necessário emergencialmente para aplacar a miséria, o que é legítimo, só não podendo servir desejos pessoais eleitoreiros e compra de consciências comprometidas. E o fazem pelo sufrágio, voto, daqueles onde a fome é emblemática e inexiste espontaneidade ou chancela de legalidade justa na vontade exercida nas eleições.

Não é justa a prática por não ser limpa e desviar de seus fins como instituto político. Não sendo limpo, puro e consciente, é injusto e ilegal o voto, trazendo a mácula, o estigma do vício da manifestação da vontade.

Manietado o legislativo e de joelhos, comprado pelos meios hábeis conhecidos, intimidado o judiciário que abre mão de seus direitos uns, cassados os resistentes, calada a imprensa que se opõe, o que resta ao projeto do “inteligente” e desaparecido Chaves é quase o vestibular de uma guerra civil que se instala, previsível como era, com a morte da miss estampada nos jornais entre outras mortes de pessoas não tão visíveis.

A perpetuação no poder pela nova investida se desenha, estava desenhada, é a estratégia conhecida dos opiniosos da vontade. Só cegos e personalistas pela formidável ausência de conhecimento e interesses pessoais veem Bolívar desta forma, ele perseguia a liberdade, não sua ausência, esta é a verdadeira conceituação político-histórica.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/02/2014
Reeditado em 20/02/2014
Código do texto: T4699148
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