A PALAVRA DO CRISTO.
Meu pai criado dentro dos colégios Salesianos, um grande orador unanimemente assim reconhecido, frequentava a missa dominical sem desvios. Um amigo, praticamente um irmão, amizade desde meninos, que participa do Recanto, Jorge Sader Filho, nascido de uma grande inteligência a quem muito devo, Jorge Sader, trabalhei ao seu lado os primeiros passos da profissão, me disse que certa vez meu pai encontrou-o domingo na rua e praticamente deu uma ordem a ele, “vamos à missa, estou indo `a missa”.
Disse ele, “o que seu pai dissesse para mim era uma ordem, e o tom foi esse." Lá chegando iniciaram-se as liturgias. Quando iria começar o sermão ele convocou: “vamos lá para fora”, nada entendi, mas obedeci, fui com ele. E ele assim falou, “isso não interessa”. Fiquei quieto, nada entendi.
De outra feita encontro um gigantesco orador, como meu pai e Dr. Jorge Sader, pai do Jorginho, que faziam parar grandes contingentes para ouvi-los, Alaor Scizinio, que me diz: “engraçado, como seu pai, um orador de tamanha envergadura e de porte intelectual invulgar pode ouvir aqueles sermões banais desses padres, vejo-o nas missas ouvindo calmamente aquelas infantilidades ditas”.
Falei isso ao meu pai, e ele respondeu: “eles são ministros de Deus e estão dando a mensagem nessa qualidade, devem ser ouvidos”.
Um paradoxo as duas posturas, mas prevalece a última.
Menino passava férias de janeiro em Friburgo, meu pai muito conhecido em todo o Estado quase não tinha sossego na praça onde comigo sentava, todos queriam com ele falar, e falei com ele tão pouco, se foi eu tinha vinte e seis anos, meu filho mais velho tem quarenta e cinco. O juiz local conhecido como “A Voz da Serra” vinha sempre com ele conversar, e perguntava muito, e ele atendia seu questionamento, o juiz um homem que só saia para ir ao trabalho e dar caminhadas e conhecido pela sua conduta irrepreensível ao ponto de dizerem que Dr. Rivaldo acertava os relógios de Friburgo, quando colocava seus pés no primeiro degrau do Fórum era meio-dia. O mesmo Fórum onde colocavam som ao lado de fora e multidões se aglomeravam quando meu pai ia participar de grandes júris como usual antigamente.
Ele que com caridade e justiça seguiu a Lei Moral do Cristo, como advogado quase toda uma vida e magistrado ao final na vaga constitucional aos advogados destinada, seguiu fielmente o Cristo, o grande baluarte que traria paz à humanidade, calando o ódio e distribuindo amor, e por isso não quis me dar um exemplo seu contrário a ouvir a Palavra do Cristo por seus representantes.
Domingo na transubstanciação, ato do qual participo, mais uma vez pedi ao Cristo que mesmo de forma pobre possa ser um veículo de sua palavra, permanentemente, não pelas palavras formais dos livros sacros, grafados, escritos pelos homens, mas pela palavra que possa descer à minha mente por razões de fé.
Papa Francisco, atual representante da igreja, com o lacre dos jesuítas que vão à luta para ordenar o rebanho, dele cuidar e ajudá-lo, do alto de sua cátedra pontificou “como podem os fieis ouvirem essas homilias medíocres que produzem os padres nas igrejas”.
Não ouso enfrentar quem vive realmente sob as normas de Cristo e por Ele fala do plano mais alto, Papa Francisco, que com desassombro enfrenta os males gravíssimos da instituição comandada por homens.
Por vezes incomoda ouvir primariedades nessas prédicas quando se tem um público sequioso de exemplos que empolguem a simplicidade e ilustrem a ilustração. Não vejo isto, mas como dizia meu pai, são Ministros de Deus, ouço aqueles que podem somar algo.