O veneno da Víbora
O veneno da Víbora
A Víbora se irritou com um de seus sequazes, pois percebeu que ele foi violentado com o discurso castrador da humildade e, dessa maneira, foi vergado pelo fraco milenar. Levantou-se e com a voz firme da revolta, ele vociferou:
- Reajam! Reajam! A coragem é sinônimo de vida!
Trovões e raios, nesse momento, riscaram a escuridão. Os sequazes caíram de medo no chão e pediram ajuda à Víbora:
- Oiram, Oiram, proteja-nos!
A Víbora ficou, ainda mais, irritado e bradou:
- Calem-se, covardes! Estou farto desse mundo cuspido, açoitado, com cruzes demais e perdões exagerados!
A Víbora continuou derramando o seu veneno.
- Eis que ofereço o meu veneno para vocês! Sejam a persona-peçonha e dê-lhes o bote na hora em que o inimigo estiver disperso. Armem tocaia, agridam pelas costas, façam-no curvar e cair nas armadilhas planejadas. Antecipem as ações e jamais estejam despreparados. Nunca ofereçam a cara à tapa; a outra face já foi dada e, tal discurso, já foi ecoado. Eis a hora da bofetada!
Oiram terminou de proferir suas palavras e sentou-se para ouvir o silêncio. Os sequazes se dispersaram e, cada qual, foi enfrentar seus demônios pessoais. Afinal, haviam sido envenenados pela Víbora Notívaga.
Oiram, a Víbora Notívaga