NOSSA SENHORA. AUTORIDADE DE VIEIRA.
"Que pessoa há ou pode haver de ser assumpta (sic) à dignidade pontifical seja escolhida entre todas. E a mais digna: isso quer dizer, ex hominibus assunptus. E que pessoa há, ou pode haver, ainda que a eleição se fizesse, não só entre os homens, senão entre os anjos tão merecedora de ser a única escolhida, e tão infinitamente digna sobre todas as criaturas, como a que mereceu ser mãe do mesmo Criador. Por isso o Espírito Santo lhe chama , UNA ES ELECTA. Uma e escolhida, porque na sua eleição foi única e sem controvérsia, única sem oposição, sem parelha, sem semelhança. A excelência da eleição da Senhora não está em ser escolhida, senão em ser escolhida como uma. Quando o é tão singular e único, que não tem oposição, a glória da eleição é a unidade. Una es electa. Para que se visse claramente, diz Santo Agostinho, na mesma descendência natural de seus primogenitores, que assim a unção da coroa, como a da tiara, assim a dignidade de rei, como a de pontífice, e toda a propriedade e significação de ungido. Porque se chama Cristo, não só lhe competia direitamente (sic) por Filho de seu Pai, senão também pelo nascimento de sua Mãe: DE QUA NATUS EST JESUS, QUI VOCATUR CHRISTUS. Esta é a nova questão que trago hoje, não para disputar, senão para decidir. E para que me ajudeis a pedir eficazmente a muita graça que me é necessária para uma decisão tão dificultosa; digo resolutamente, que antes de a Virgem Maria ser Senhora do Rosário, não se podia provar com efeito, que Cristo seu Filho lhe tivesse comunicado a dignidade pontifical, mas depois de ser Senhora do Rosário, sim. Isto é o que haveis de ouvir. Ave Maria, etc. A eleição ou escolha comumente diz unidade, e supõe multidão, porque de muitos se escolhe um; porém quando o escolhido é tão singular e único, que não tem oposição, a glória da eleição é a unidade: é ser escolhido, não como um de muitos, senão como um e só.” Padre Vieira, Sermão Décimo Oitavo.
A maternidade é o centro da vida, a tal ponto que Vieira, em um de seus monumentais sermões, sem possibilidade de contraditar, dada à natureza feminina, afirma, como princípio, que não há maior dor do que a dor de não ser mãe, embora a dor do parto seja a maior das dores físicas.
Na realidade essa é a dor da ausência esperada que se carrega por toda uma vida, a dor da maternidade é a dor que se quer sempre por ser brilho, alegria e festa, a dor de sua ausência é a dor de todos, mesmo do pai que não viu sua descendência chegar e de todos os que esperam o milagre da vida que vem da maternidade.
Nossa Senhora foi mãe do Filho de Deus, como pontifica Vieira, a única escolhida, UNA ES ELECTA. É o milagre anunciado no Advento.
Essa absoluta certeza, a unidade do ser absoluto, o Cristo, o Ser necessário como padrão de todos os outros, dotado do que nenhum outro em predicamentos incorporou, de sua Lei Moral, e da maternidade una de sua chegada, UNA ES ELECTA, necessita de uma visão grandiosa das inteligências que podem acessá-la. O Homem como todos nós, Jesus, o Cristo, teve como nós uma mãe como todas as outras, Maria, mas foi única a trazer à vida um Ser único, mesmo visto como Homem histórico exclusivamente.