Um cavalo(1950) uma bicicleta(1955) um “jeep” 54 e um fusca(1964)
 
Um cavalo alazão ainda novo, bonito, cheio de saúde. Era minha maneira de curtir os domingos, andando pelas fazendas, fazendo negócio e amizades com os rapazes de minha idade naquela década de 50.
Morava num povoado onde, quem tinha olho, era rei. Assim, eu com meus 17 anos, tinha um cavalo, um radinho de pilha uma bicicleta e meu cartório de registro civil, onde minha mãe assinava os documentos produzidos. Eu era apenas um escrevente.
Com este cavalo, gostava de fazer minhas exibições quando ia a cidade há uns 30 km. Nessa cidade, tinha uma possível namorada, bonita, olhos grandes azuis, loira de tranças. Um certo domingo, preparei o meu alazão e fui dar uma volta pela cidade e passar em frente a casa da namorada de meus sonhos. A casa tinha uma calçada alta em relação ao nível da rua. Quando estava bem na frente, dei de leve com o chicote no pescoço do cavalo. Ele não gostou e daí em diante, não vi seu pescoço nem a cabeça, só senti que estava com a cara em cima da calçada. A minha pretendente me viu lá de sua janela e começo a rir. Foi aquele mico que nunca esqueci.

Uma bicicleta

Naquela época, nosso país, ainda não produzia bicicletas. Elas vinham da Inglaterra ou dos Estados Unidos. As marca mais famosas eram a Philips e Monark e Hercules. Assim, tinha mais uma aventura pela frente. Esse veículo me transportava por vários caminhos. Isso, eu fazia para aplicar injeções, principalmente antibióticos nas pessoas da roça, pois meu irmão dirigia uma farmácia no povoado. Quando não era isso, pedalava 30, 40 km até outros povoados apenas como aventura nos dias de domingo.

Um “jeep” 54

Daqueles usados na segunda guerra mundial. Mas era como um tatu, só faltava subir nas árvores. Esse jipinho escalava as montanhas nas visitas às propriedades atendidas pelo programa de extensão.
Às vezes tínhamos que atravessar um rio onde só tinham dois pranchões com base plana colocados numa distância que dava para passar o veículo. Assim mesmo na base da coragem, atravessamos aquele córrego.
Mas, o “jeepinho” também servia para nos levar às festas do interior daquelas cidades por onde passei durante aquela época de ouro.

Um fusca

Era um fusquinha modelo básico, para trabalhos de campo. Também servia para os passeios e festinhas e para ir ao colégio dar aulas de biologia à noite. Tinha o costume de deixar o fusquinha bem na frente do prédio e às vezes sem puxar o freio de mão. Um determinado dia na hora do intervalo, um aluno sentou no seu capô e deu uma empurrada e foi o suficiente para que este fosse parar numa ribanceira e ficar bem de ponta, encostado num poste de luz. Mas ninguém foi acidentado por isto, só me custou um reparo na lataria.
Nota do autor: Observe como certas coisas fazem parte de nossa vida, ainda que muito tempo tenha se passado e que nos deixa impregnado de muita saudade.