ELA & ELE

Mulher e marido ganhavam bem, muito bem. Mas era notório que se amavam pouco, muito pouco. Preferiam gastar o tempo consumindo tudo o que estivesse na moda e se exibindo ante seus convidados pobretões. A falsa modéstia fazia parte do script. Não suportavam ficar a sós.

A turma se fingia de morta. Boa bebida e boa comida, de graça, amolecem corações, embotam cérebros. Mas não impedem que os “ingratos” falem mal pelas costas horas depois.

Ela afetava uma pobreza inexistente, pra ressaltar a pobreza alheia.

Ele jurava admirar a preferência dos visitantes por carros populares. E garantia que, um dia, compraria um carrinho básico e usado. Pra ir à feira.

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Orlando Silveira
Enviado por Orlando Silveira em 19/02/2014
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