Política no Brasil
“Não resistais ao mal”
(Mt 5,39)
Horas depois de terem descido dos degraus do Palácio da Justiça, Azambujanra e uns amigos pegaram o ônibus com destino ao Hospital dos Servidores Públicos do Estado. Logo, avistaram policiais em volta do nosocômio. Azambujanra disse aos companheiros:
- O HPM está também cercado! –Aí – continuou Azambujanra, mostrando o que publicou nos jornais -, existe um Programa de Desburocratização do Governo do Estado, que diz: “vamos agilizar e simplificar o atendimento ao cidadão”. Entretanto, na prática, alguns setores dos Sistemas de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado de Pernambuco (Sassepe) e o Sistema de Saúde da Polícia Militar (Sismepe), não tratam com respeito os idosos como cidadãos. É inexistente o tratamento digno quando estes procuram os seus direitos e deveres. Alguns complicam de maneira absurda, dando a entender que têm apoio da Secretaria de Defesa Social e do Governo do Estado. Como vocês estão vendo, será que voltou a Ditadura Militar?
- Continua difícil para realizar a marcação de consultas médicas. O assessor de Comunicação Social da Polícia Militar, munido de um cinismo ilimitado, afirmou que o sistema realiza marcações em no máximo sete dias. Ora, o que acontece então quando acessamos o site e visualizamos contraditoriamente ao que foi dito, na tela: “Bem-vindo, não há médico disponível para a cidade do Recife”? Se optarmos por Olinda, é ainda pior. Só está disponível a especialidade de cardiologista!
- Não é possível que o secretário de Defesa Social e o governador não estejam lendo jornal. Um absurdo!
- Sempre foi assim, e na ditadura militar ainda era pior, porque naquela época ninguém podia dizer nada. A imprensa era controlada pelo sistema!
- Culpa dos politiqueiros de nosso país. Na realidade, a democracia política no Brasil é uma vergonha. Sempre houveram negociatas, quem não se lembra do financiamento eleitoral na época do presidente norte-americano John Kennedy?
- E quanto ao movimento político militar de 1964, não somente militar, a sociedade civil teve sua parcela de responsabilidade, aceitando passivamente o patrocínio financeiro e logístico dos Estados Unidos.
- E agora temos a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes e a prisão de alguns manifestantes, segundo dizem, por terem alguns deles em mãos fogos de artifício (geralmente os rojões são usados pela torcida quando o time ganha o jogo), com isso fundamentando-os na defesa de que a violência não parte da Polícia!
- O que eu sei é que a morte de um ser humano não pode ser amenizada. E, o que não pode é acontecerem as coisas às avessas, quando ao invés de protegerem a população esta é vítima da Polícia, por exemplo quando civis morrem por problemas respiratórios causados pela inalação de gases lacrimogênio e de pimenta. Quem responde por isso?, o que fazer nesses casos?
- E quando uma pessoa é atingida no rosto por uma bala de borracha da polícia?, mais das vezes ela perde a visão.
O episódio de morte do cinegrafista Santiago Andrade repercutiu no exterior. A Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA), e o Forum Mundial de Editores enviaram carta à presidenta Dilma Vana Rouseff manifestando indignação... Lembrei-me então do crime do padre Hosana, que aconteceu no Brasil em 1957, vitimizando, com a morte o bispo da cidade de Garanhuns-PE. O julgamento em 1959, como não poderia deixar de ser, tornou-se um espetáculo nacional e internacional, com repórteres de todo país e do exterior.
Azambujanra ficou na moral, coçou os olhos e disse:
- No ano da Copa do Mundo haverá financiamento nas novas manifestações? Os torcedores da Seleção Brasileira soltarão fogos antes e depois dos jogos?
*Formado em Comunicações Internacionais, escritor, poeta, teólogo e teatrólogo. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 13 títulos publicados, todas edições esgotadas.