As Crônicas de um Bastardo: Sociedade abstrata II
"Eu venho te buscar"
Essas palavras não saíram da cabeça do pobre bastardo
Então não é o fim, vou poder voltar pra casa
Ver novamente meu anjo tão querido, o bastardo estava feliz
Pois sabia que aconteça o que acontecer, voltaria para casa
Então ele achou um lugar para sentar e sentou
Começou a observar tudo a sua volta
Na sua frente havia uma enorme coisa verde escuro
Tomava conta de quase toda a parede
Onde a mulher que tinha um belo sorriso estava
Ela riscava algumas coisas naquela coisa verde
E o bastardo não fazia a menor idéia do que poderia ser
O pequeno bastardo começou a olhar para as outras crianças
Algumas pareciam tão tranquilas
Outras falavam sozinhas e não conseguiam ficar sentadas
Havia uma menina ao seu lado
Ela tinha os cabelos cacheados até o seu ombro
E parecia que iria começar a chora a qualquer momento
Alguns meninos falavam alto no fundo da sala
Foi quando um barulho muito alto invadiu a sala
Era parecido com um apito, mas muito mais alto
Todos ficaram em silêncio e olharam para a mulher
Ela se levantou e começou a falar
Sua voz era suave, lembrava um dedilhado de violão
Após um tempo ouvindo a sua bela voz
O pequeno bastardo entendeu o que estaria fazendo ali
A mulher falou sobre ensinar coisas para as crianças
Pois todos deveriam aprender essas coisas
Disse que ensinaria as letras, os números
E o pequeno bastardo só pensava em seu anjo
E o tempo parecia passar devagar
A mulher explicou que de agora em diante seria "a professora"
Então ela disse: "agora quero conhecer um pouco mais vocês"
Ela começou a fazer perguntas para cada criança
Todos foram respondendo, cada um de seu jeito
E o pequeno bastardo começou a ficar nervoso
Pois sabia que logo seria a sua vez
Demorou, mas enfim ela esta olhando para o pequeno bastardo
E mulher olhou em seus olhos e sorriu
Um sorriso que aqueceu o coração do pequeno bastardo e perguntou:
"E você que é seu nome"?
O pobre bastardo gaguejou um pouco, pois estava nervoso e respondeu
Ela sorriu e disse que era um nome lindo e que era o nome de seu avô
Então ela falou mais uma vez: "e os seus pais o que fazem"?
O pequeno bastardo pensou, mas não sabia o que responder
Ele disse baixinho: "Eu não sei". Todos riram na sala
O pequeno bastardo sentiu suas bochechas ficarem vermelhas
Ficou sem saber o que fazer, estava perdido
A mulher sem entender perguntou novamente
"Mas qual é o nome da sua mãe e do seu pai"
O pequeno bastardo sentiu que ficou mais vermelho ainda
Já estava suando e sentido vontade de fugir daquele lugar
Respondeu baixinho para que ninguém na sala ouvisse sua voz.
"Eu não sei" todos riram mais uma vez na sala.
O bastardo ouviu alguns comentários, mas não entendeu
A professora pediu silêncio e passou para outra criança
Naquele dia a professora e o seu anjo querido
Tiveram uma longa conversa sobre o pequeno bastardo
E ele esperava sentado no chão do corredor