A pequena Pinhais

É São José dos Pinhais? Não, é apenas Pinhais – esta é a conversa inicial de todos que ouvem o nome da cidade pela primeira vez. Normalmente se explica então a diferença: São José dos Pinhais tem o aeroporto, Pinhais tem o autódromo – e Curitiba tem a fama. Até há uma origem mais ou menos comum, porque Pinhais surgiu de um povoado nascido ao longo da estação ferroviária que escoava a produção de São José dos Pinhais. Mas as cidades são outras, como é outro o próprio tempo, e hoje em dia os trens são principalmente um incômodo para o sono dos moradores e para a pressa dos motoristas que precisam cruzar a linha férrea.

Também não há muita lembrança sobre a indústria de cerâmica nos primórdios da povoação. É que boa parte dos moradores pouco tem a ver com essa história – vieram décadas mais tarde, atraídos pelos cantos de Curitiba, que já não oferecia moradia para todos. Vieram então para a pequena Pinhais – é a menor do estado – e vieram tantos que nem se nota mais o tamanho da cidade. A população cresceu, a região se desenvolveu e aparentemente todo mundo está satisfeito, pois o atual prefeito foi reeleito com impressionantes 94% dos votos.

Nos últimos tempos, abriram hipermercados, megastores e redes de fast food que só existiam na capital. Pinhais parece querer se livrar de fama de cidade-dormitório. Embora pequena, existem muitos bairros e nem sempre é fácil identificar os limites de cada um. Por vezes acontece de um mesmo endereço constar em pelo menos três bairros diferentes. Alguns desses bairros têm curiosos nomes de mulheres: Karla, Cláudia, Amélia, Joaquina – mulheres sem sobrenome, que ninguém mais sabe dizer quem foram, mas colocadas em pé de igualdade com Maria Antonieta, todas eternizadas em nomes de jardins e vilas na cidade.

Apesar dos esforços da prefeitura, para mim Pinhais ainda é uma cidade-dormitório. É lá que busco pouso nas férias, quando visito a minha mãe – e o seu bairro particular, que eu chamo de Jardim Rosina.