Carnaval lepo-lepo
Dizia que se pudesse, sumia de Salvador nos dias de carnaval. Foi o que escutei de um soteropolitano, passava eu descontraído pelo Farol da Barra, cartão-postal da doce terra de Caymmi.
Queixava-se o inconformado cidadão, um baiano de meia-idade, do furdunço e desrespeito que a folia momesca leva ao seu bairro, a Barra. - São seis dias de suplício", desabafava o indignado cidadão. E afirmava não se conformar com o que há muito veem fazendo com o carnaval da capital baiana, "outrora tão gostoso."
O camarada não pedia segredo: manifestava seu descontentamento na frente de dezenas de moradores da Barra, vítimas como ele do desmantelo que o Rei Momo provoca nas ruas do famoso bairro, que, por sinal, acolhe muita gente da terceira idade.
É bom deixar bem claro, que o homem que esperneava próximo ao farol não é o único a se insurgir contra a pagodeira desenfreada que toma conta da capital dos baianos durante os festejos mominos.
Mas ele e seus conterrâneos não têm vez nem voz. A mídia, com certeza, não vai deixar de faturar os tubos com o carná, ainda que isso custe caro aos moradores de Salvador, cada vez mais conhecida como a capital do pagode.
Faltam ainda alguns dias para o carnaval, e a discutida "mobilidade urbana", em Salvador, já começa a ser consideravelmente comprometida. Em consequência, crescem os problemas no trânsito, deixando atordoados os motoristas que moram ou precisam alcançar os locais próximos ao centro da cidade.
(Vejam, que não somente o bairro da Barra é maltratado pela balbúrdia momina que toma conta de Salvador, tirando-lhe o sossego, a paz e em alguns momentos, ferindo-lhe a compostura e o decoro!)
O centrão, com sua configuração parcialmente colonial, portanto, com boa parte de suas ruas estreitas e enladeiradas, na festa de Momo, torna-se praticamente inacessível, em determinadas horas.
Tudo para dar passagem fácil aos trios elétricos, de tamanhos exagerados, puxando blocos carnavalescos formados por milhares de foliões de abadás e cervejinha na mão.
E no encontro desordenado desse foliões, muitos alcoolizados - claro que há exceções - o pau come pra valer, obrigando as patrulhas policiais que guardam o circuito a baixarem o cacete, para evitar o pior.
De repente instala-se a intranquilidade no "chão da praça", enquanto, no alto dos seus ricos trios elétricos as estrelas e as pseudo-estrelas, "comandando a massa", seguem "cantando" musiquinhas chulas, e ganhando rios de dinheiro.
Caríssimo e super agitado, o carná de Salvador oferece uma fachada deslumbrante. Mas, na verdade, há muito perdeu sua originalidade, agravado com o afastamento cada vez maior do legítimo folião soteropolitano.
É, as famílias, que antes frequentavam o alegre carnaval de rua, enchendo a Avenida Sete, o Campo Grande e o circuito Barra-Ondina, intocáveis palcos da folia, hoje hesitam em pôr o pé no "chão da praça", com medo da bagunça. É preciso que se diga isso. Pois, a imprensa pouco mostra.
Assistindo um desses jornais da televisão, vi o desfile da Bandinha de Ipanema, que sai pelas ruas do simpático bairro carioca há mais de 50 anos, presenteando os foliões do Rio de Janeiro com o melhor da música carnavalesca.
Em Salvador, o povo é obrigado a ouvir músicas de carnaval da pior qualidade, algumas safadinhas ,outras estimuladoras da violência moral e física.
Fazer o quê? Vou mesmo (eu e aquele cidadão da Barra) é ter que, na falta de coisa melhor, mais séria, aturar o que estou chamando de carnaval lepo-lepo.
Lepo-lepo? Sim, uma "música" que de carnavalesca não tem absolutamente nada, mas a mídia local vem dando cobertura - barbaridade! - como se estivesse a aplaudir marchinhas ou frevos de consagrados compositores baianos, como Moraes Moreira, Luiz Caldas, Walter Queiroz. Estes, sim.
Divirtam-se no carnaval lepo-lepo. Na Semana Santa eu volto.
Dizia que se pudesse, sumia de Salvador nos dias de carnaval. Foi o que escutei de um soteropolitano, passava eu descontraído pelo Farol da Barra, cartão-postal da doce terra de Caymmi.
Queixava-se o inconformado cidadão, um baiano de meia-idade, do furdunço e desrespeito que a folia momesca leva ao seu bairro, a Barra. - São seis dias de suplício", desabafava o indignado cidadão. E afirmava não se conformar com o que há muito veem fazendo com o carnaval da capital baiana, "outrora tão gostoso."
O camarada não pedia segredo: manifestava seu descontentamento na frente de dezenas de moradores da Barra, vítimas como ele do desmantelo que o Rei Momo provoca nas ruas do famoso bairro, que, por sinal, acolhe muita gente da terceira idade.
É bom deixar bem claro, que o homem que esperneava próximo ao farol não é o único a se insurgir contra a pagodeira desenfreada que toma conta da capital dos baianos durante os festejos mominos.
Mas ele e seus conterrâneos não têm vez nem voz. A mídia, com certeza, não vai deixar de faturar os tubos com o carná, ainda que isso custe caro aos moradores de Salvador, cada vez mais conhecida como a capital do pagode.
Faltam ainda alguns dias para o carnaval, e a discutida "mobilidade urbana", em Salvador, já começa a ser consideravelmente comprometida. Em consequência, crescem os problemas no trânsito, deixando atordoados os motoristas que moram ou precisam alcançar os locais próximos ao centro da cidade.
(Vejam, que não somente o bairro da Barra é maltratado pela balbúrdia momina que toma conta de Salvador, tirando-lhe o sossego, a paz e em alguns momentos, ferindo-lhe a compostura e o decoro!)
O centrão, com sua configuração parcialmente colonial, portanto, com boa parte de suas ruas estreitas e enladeiradas, na festa de Momo, torna-se praticamente inacessível, em determinadas horas.
Tudo para dar passagem fácil aos trios elétricos, de tamanhos exagerados, puxando blocos carnavalescos formados por milhares de foliões de abadás e cervejinha na mão.
E no encontro desordenado desse foliões, muitos alcoolizados - claro que há exceções - o pau come pra valer, obrigando as patrulhas policiais que guardam o circuito a baixarem o cacete, para evitar o pior.
De repente instala-se a intranquilidade no "chão da praça", enquanto, no alto dos seus ricos trios elétricos as estrelas e as pseudo-estrelas, "comandando a massa", seguem "cantando" musiquinhas chulas, e ganhando rios de dinheiro.
Caríssimo e super agitado, o carná de Salvador oferece uma fachada deslumbrante. Mas, na verdade, há muito perdeu sua originalidade, agravado com o afastamento cada vez maior do legítimo folião soteropolitano.
É, as famílias, que antes frequentavam o alegre carnaval de rua, enchendo a Avenida Sete, o Campo Grande e o circuito Barra-Ondina, intocáveis palcos da folia, hoje hesitam em pôr o pé no "chão da praça", com medo da bagunça. É preciso que se diga isso. Pois, a imprensa pouco mostra.
Assistindo um desses jornais da televisão, vi o desfile da Bandinha de Ipanema, que sai pelas ruas do simpático bairro carioca há mais de 50 anos, presenteando os foliões do Rio de Janeiro com o melhor da música carnavalesca.
Em Salvador, o povo é obrigado a ouvir músicas de carnaval da pior qualidade, algumas safadinhas ,outras estimuladoras da violência moral e física.
Fazer o quê? Vou mesmo (eu e aquele cidadão da Barra) é ter que, na falta de coisa melhor, mais séria, aturar o que estou chamando de carnaval lepo-lepo.
Lepo-lepo? Sim, uma "música" que de carnavalesca não tem absolutamente nada, mas a mídia local vem dando cobertura - barbaridade! - como se estivesse a aplaudir marchinhas ou frevos de consagrados compositores baianos, como Moraes Moreira, Luiz Caldas, Walter Queiroz. Estes, sim.
Divirtam-se no carnaval lepo-lepo. Na Semana Santa eu volto.