As botas
Eram botas pretas compradas em San Francisco, aliás, eram muito mais que isso, eram um antigo sonho de consumo. E ficariam guardadas por mais alguns meses...
Todos tem um sonho de consumo material, o meu era um par de botas pretas. E eis que encontrei uma , indicadas para uso na neve, com uma marca de pegada de urso, macia como algodão. Na verdade poderia ser um cobertor de tão aquecidinho que deixava os pés.
Sempre que calçava tinha a sensação de estar fazendo o maior sucesso, abafando mesmo. A roupa era escolhida para combinar com a bota e elas ajudavam bastante por serem pretas, combinavam com quase tudo:saia, calças, shorts, vestidos.
Mas como eu moro em uma cidade bastante quente de um país tropical, tinha um problema: só usava se viajasse para um lugar frio e isso só acontecia nas férias. A não ser que resolvesse limpar o congelador...
Então, calçar as botas era sinônimo de alegria, porque significava viagem e viajar é bom demais.
Minhas botas me mostraram San Francisco, San Diego, Los Angeles na California. Desfilaram em Las Vegas de Nevada e visitaram os índios no Grand Canion do Arizona. Foram para Dallas no Texas, visitaram praias também, em Miami e brincaram nos parques de Orlando na Flórida.
No meu estado, Ceará, foram desfrutadas na serra de Guaramiranga onde, acreditem, ela conseguiu ver acontecer 13 graus. Graus esses, que são fichinha frente aos -8 negativos em Yosemith em plena neve em dezembro.
Agora, elas estão descansando em um canto do armário, porque aqui é quase carnaval e apesar da chuva, acompanham o vestuário de pouca roupa as velhas rasteirinhas.