Indignação

Vincent Benedicto

12/08/2005

Indignação, ilusão, aflição, perdi o tesão. Nesse emaranhado confuso, procuro adjetivos, sinônimos, antônimos e até homônimos para justificar essa cascata de denúncias que ampliam o escândalo a cada novo depoimento, enterrando o governo junto com sua gang até o gogó.

Mas, por mais que eu tente, não encontro palavras para qualificar essa casta nojenta, cheia de nequicias e espúrios, que provoca a revolta em multidões de pessoas que um dia com alegria e folia, cantavam, dançavam, pulavam, cheios de esperanças em uma mudança, que na realidade virou lambança.

Não querendo aceitar a podridão desta raça desumana, egoísta, nutrida pela sede do poder, que a qualquer custo extrapolam, enrolam no gênero faz-de-conta para distrair e engambelar o distinto público brasileiro e na certeza da impunidade, transformam sem piedade o leito desta nação em suite da corrupção, vou remando neste mar de lamas, ainda sem encontrar palavras que traduzam essa história contraditória cheia de estórias que parecem uma ficção.

Nesse descalabro colossal, amazônico banal, de um desgoverno total, o referido governante ainda tenta se livrar das acusações que lhe são atribuídas, fazendo se passar por um homem de origem pobre, nordestino que o que sabe bem fazer é encher a manguaça até os culhões ficarem frouxos e aquela conserva intestinal lhe sair pelo anal. Otimismo à parte, quero crer ainda que haverá uma saída para realmente mudar, recolocando os bondes nos trilhos e defenestrando esse esterco podre junto com seu elenco nefasto que se apossou do direito de governar um país, mas não sabe nem mesmo onde esta o nariz.

E ainda acabei de me lembrar que a "Telemar investiu R$ 5 milhões na empresa de seu filho Lulinha", esperando ganhar não se sabe bem o quê a não ser um bom mocotó regado a cachaça com carne de sol e farinha.

Afinal, ele é o "Lula, o filho do Brasil", "que eu vou mandar pra ..." retratado no livro de Denise Paraná como o jovem operário que, em 1962, participou do linchamento de um empresário na rua Vemag, no ABC. A fabriqueta, "uma pequena tecelagem, uma fábrica de meias", foi invadida por grevistas que passaram por sua porta. Acuado no escritório, o dono da firma atirou. Feriu um piqueteiro na barriga. E, diz Lula, "o pessoal ficou invocado", jogou-o pela janela do segundo andar, e o chutou no chão até que "outros grevistas apartaram". Só que agora a maré subiu e quem ta invocado sou eu e mais 170.000.000 de brasileiros que acordaram sentindo o cheiro da merda espalhada por todo palácio presidencial.

Mas, a cada dia que passa me espelho no sol. Quente, brilhante, radiante dá um espetáculo sorrindo, mesmo que quase toda a sua platéia continue dormindo, ele está lá, feliz, cheio de vida e trazendo a certeza que um novo dia nasceu. Quase solitário em seu palco, não desanima nem perde a luz ajudando a todos que nessa terra produz, mantém sua beleza inigualável, adorável, insubstituível e inatingível, por essa estirpe social descomunal, animal grotesca estapafúrdia e repudiada gente imoral.

Ao escrever este texto, busquei em meus alfarrábios mentais intestinais e até anais, todos os possíveis adjetivos qualificativos que descrevesse com exatidão esse lamaçal de corrupção, mas, não encontrei palavras que em nossa língua exista e retrate exatamente a verdade dessa gente maldita que massacra o nosso povo humilde, carente, faminto e já descrente, que um dia desses qualquer, será diferente.

Vincent Benedicto
Enviado por Vincent Benedicto em 02/09/2005
Reeditado em 09/02/2006
Código do texto: T46942