A pedra de Oiram
A pedra de Oiram
Oiram estava meditando sozinho na noite, olhava o breu e procurava ouvir a tenebrosa voz do silêncio, quando, de repente, apareceu uma multidão e o interpelou:
- Oiram, podemos ouvir seus ensinamentos?
Oiram sentou e gesticulou ; como se ordenasse que todos fizessem o mesmo. A multidão entendeu tal gesto e obedecendo a sua ordem implícita, sentaram em frente a Víbora.
Oiram juntou algumas pedras, mas permanecia calado.
A multidão não entendia o silêncio, mas não se arriscava a perguntar-lhe nada.
De repente, Oiram arremessou uma pedra; mais outra; e outra; e outra; e outras mais... E não parava de atirar pedras, a esmo.
A multidão se assustou e alguns sequazes sussurravam baixinho:
- Ele está doido!
- Ele é doido!
- Ele quer nos dizer algo?
Oiram vendo os olhos arregalados e assustados dos sequazes falou:
- A pedra não arremessada é a pedra que constrói modelos estabelecidos. Arremessem, atirem, joguem!
E continuou arremessando pedras e falando:
- Quebrem vidraças, o olho vigilante está por trás delas. Todo modelo tem um telhado de vidro, atirem pedras, ali!
Oiram levantou e, ainda com pedras na mão, bradou firme:
- A pedra, não arremessada, ergue o modelo que petrifica aqueles que não conseguem entrar em sua morada.
Oiram, a Víbora Notívaga.