Hospitais e Pacientes
Uma outra razão para não gostar de conhecer os pacientes:
se eles não sabem quem você é,
eles não podem gritar com você.
House
se eles não sabem quem você é,
eles não podem gritar com você.
House
Maridão separava uma briga entre nossos cães, acabou mordido. Planinho de saúde em dia, vamos a um dos maiores hospitais particulares de Brasília. Uma eternidade na emergência, pro médico nos despachar a um hospital público, pois ele tem que tomar a antirrábica. Antes, um curativo. Na enfermaria, um guri, em crise de vesícula, se contorce de dor na cadeira, enquanto meia dúzia de enfermeiras bate cabeça, à procura do seu prontuário.
Uma delas nos atende e leva quase vinte minutos para fazer um curativo meio troncho na mão dele. Saio de lá inflada pelo orgulho: na metade desse tempo, faço um serviço bem melhor nos dois pés do meu cachorro aleijadinho, enquanto ele arranca as patas da minha mão, chuta medicamentos para longe e embola o esparadrapo em perda total. E o menino da vesícula, recém foi medicado.
A caminho do HRAN, pensávamos: se pagando, a situação é esta, imagina no falido sistema de saúde do Estado! Para nossa surpresa, lá, tudo foi bem mais rápido e profissional. Não festeje. O SUS não melhorou. O outro é que só piora!
Médicos atrasam, faltam, não têm horário tão cedo.
Pra garantir agenda cheia, inventaram a tal ordem de chegada. Fui a um especialista que atende assim, a partir das 9h. Perdi a manhã inteira. No retorno fui mais espertinha: cheguei bem mais cedo e, alegando um compromisso, avisei que não esperaria, se houvesse muita gente antes de mim. A recepcionista informou que eu seria a terceira. Desisti duas horas depois, quando o sexto paciente foi chamado. Não fui à mocinha dizer tudo o que penso da mentirinha branca dela, porque sei que é manobra do hospital. Desistência é prejuízo para eles, que pouco ligam para a sua saúde. Só pra sua grana!
O mesmo vale para os planos de saúde - que negam exames, dificultam procedimentos, rejeitam idosos - e pro SUS, que, afinal, tem muita corrupção para sustentar.
Resultado: equipamentos obsoletos, vagas cada vez mais remotas, profissionais mal remunerados... e os cubanos desertando!
Não é à toa que nos chamam de pacientes nessas horas. Tem que ter mesmo muito dessa virtude para não sair por aí, quebrando tudo!
Texto publicado no jornal Alô Brasília em sua edição de 14/02/2014.