EDUCAÇÃO NOSSA DE CADA DIA
Hoje inicio o meu texto perguntando ao leitor: Você já deu livros de presente aos seus filhos, sobrinhos ou amigos?
Faço essa pergunta poucos dias após a divulgação de um estudo realizado por um órgão internacional sobre a educação mundial, onde o Brasil foi colocado em penúltimo lugar, tendo comparado o seu desempenho com outros 40 países, a imprensa divulgou um vídeo que mostra uma diretora de escola agredindo crianças em São Paulo. Crianças com menos de dois anos de idade sendo maltratadas por quem deveria ensinar-lhes respeito ao próximo, respeito aos direitos humanos e tudo o mais que se espera de um educador. As experiências dessa fase da vida irão direcionar essas pobres criaturas pelo resto da vida, daí a gravidade do que se viu, e do que não se viu, pois muito mais pode ter acontecido, ou pode estar acontecendo por aí, longe das lentes das câmeras e dos olhos de alguém que tenha coragem de denunciar.
O resultado da pesquisa causou perplexidade, tristeza e até desespero. Parece que estamos na contramão de um processo cuja velocidade cresce à medida que avança a era digital. Mesmo que seja refutado o resultado de tal estudo; mesmo que alguém tente menoscabar o órgão realizador ou os seus métodos de aferição da qualidade no ensino; mesmo que tenhamos de “dar um desconto”, a situação é crítica e vê-se que o sistema precisa ser revisto, ou revisitado, como queiram. Sobram no Brasil profissionais capacitados para isso e tenho certeza de que o quadro somente será revertido a longo prazo cujo início poderia ser uma espécie de revolução educacional positiva, com a participação de todos. Sim! De todos nós educadores que deveríamos começar com a nossa reeducação, o que já seria um passo enorme.
Não há tempo para apontar culpados. O tempo de que dispomos é para agir e para refletir sobre o nosso papel na sociedade. Creio que somos todos culpados, portanto são inúteis as críticas a quem quer que seja. É hora de se plantar. O tempo pode não estar bom, mas a nossa terra é fértil. A colheita certamente ficará para futuras gerações porque uma drástica mudança cultural não se consegue em poucos anos. É uma plantação que exige altruísmo. Estaremos plantando árvores cujos frutos não serão degustados por nós.
Se o sistema como um todo está com deficiências graves, é importante que entrem em cena as ações individuais que poderão fazer uma grande diferença em poucos anos. Cada um de nós, em nossa área de atuação, começando por nossa casa e expandindo para a nossa comunidade, podemos contribuir para a melhoria da posição do Brasil nesse ranking. Cada um sabe como e o que fazer, basta querer. Não é sonho. É uma nova ordem social.
As imagens divulgadas pela imprensa e a repercussão em nossos lares é um alerta. É a dor que manda ao cérebro da sociedade a mensagem de que a doença se instalou e precisa ser tratada com urgência. Reverter o que aconteceu está fora do nosso alcance, mas é possível interferirmos no que ainda pode acontecer.
Não podemos reclamar dos espinhos se não ajudamos a cuidar das flores.