COLOCANDO UM PONTO FINAL NA VIDA

Banhe-se logo assim que acordar, escolha uma toalha limpa e abra um sabonete novo com perfume que dispense o desodorante; vista-se da melhor roupa que encontrar no armário, de preferência aquela que usou em um dia em que foi feliz, ou acha que foi; penteie-se demoradamente em frente ao espelho, olhe os contornos do seu rosto com atenção, descubra alguma marca que tenha deixado seus dias mais pesados e perdoe, porque o perdão torna o dia mais leve.

Calce uma sandália ou um sapato que tenham visitado lugares que lhe tragam boas recordações, tente fazer um mapa com as lembranças e faça o caminho da volta, projete na memória a estrada, as curvas e as nuvens que acompanharam a sua alegria de estar voltando com a alma cheia de felicidade.

Abra a geladeira e beba água direto na garrafa, sacia muito mais, anote o dia de hoje no calendário e jogue fora os outros meses do ano; leia cartas, livros, poemas e tudo o que um dia foi importante; reveja as fotos em que está sorrindo na companhia daqueles que estiveram sempre ao seu lado, ouça as músicas que te deixavam com cara de bobo, depois sente em qualquer lugar e feche os olhos.

O ponto final indica o final de um período, é uma pausa que pode ser absoluta, mas também pode ser relativa. Na vida o “ponto final” está no início da oração, no nascimento, quando acordamos e começamos a escrever o nosso livro, mas depois ele estará o tempo todo na ponta do lápis esperando uma atitude, um olhar firme e decidido, uma força renovada que faça com que tudo seja escrito de outra maneira, com mais prazer e menos excessos.

Portanto, quando for dar um ponto final na sua vida para começar a partir do novo, tenha a certeza de que nada ficou para trás, tenha o cuidado de procurar por feridas mal curadas e por mágoas escondidas. Não permita que um perdão fique mofando na fila, chame-o pelo nome e faça “as pazes”. Vamos aprendendo e consertando, porque o ponto final da vida é a morte e esse lápis a gente não tem como apontar.

Ricardo Mezavila

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 12/02/2014
Reeditado em 13/02/2014
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