HOBBES TINHA RAZÃO?
“Embora nada do que é feito pelos mortais possa ser imortal, os homens, se usassem a razão como pretendem, poderiam, pelo menos, fazer que seus Estados fossem assegurados, definitivamente, contra o PERIGO DE PERECER POR MALES INTERNOS. Pela natureza de sua instituição, os Estados estão destinados a viver tanto tempo quanto o gênero humano ou a lei natural, ou, ainda, tanto tempo quanto a própria justiça, que lhes dá vida. Assim, quando são dissolvidos, não pela violência externa, mas por desordem intestina, a falta não está nos homens, como matéria, mas nos homens enquanto modeladores e organizadores do Estado quando os homens se aborrecem com as mútuas irregularidades, desejam, de todo o coração, se aproximar e permanecer dentro de um edifício sólido e duradouro, tanto pela necessidade da arte de fazer leis adequadas que venham a nortear sua ações, quanto por sua humildade e paciência para suportar a supressão dos rudes e ásperos aspectos de sua presente grandeza; mas não conseguem, sem a ajuda de um arquiteto muito hábil, se reunir, a não ser um edifício defeituoso, que, pesando consideravelmente em sua própria época, cairá, sem que nada possa ser feito, sobre as cabeças de sua posteridade.” Thomas Hobbes, in Leviatã.
CAIXA ALTA NOSSA;
“Perigo de perecer por males internos”, é o que vem ocorrendo no curso da história de forma irrespondível. O perecimento do estado, a morte estatal, reside naquilo que não se atinge e é seu fim, o homem e seu relativo bem estar. Não se vê minimamente esse atingimento de forma global.
Rousseau também ficou no exercício de seu “Contrato Social” em dívida real com as finalidades da construção, não por que assim pretendesse, mas pela virtual imposição das sequências ocorrentes sem sucesso no contrato proposto.
Rosseau compreendia que os humanos deviam buscar o interesse comum na pacificação e na solidariedade. A disputa geraria sempre, como ocorre, a desconfiança mútua e a precaução permanente que prejudica a igualdade e a visão do bem comum. O Contrato devia situar claramente a questão da igualdade entre todos.
“O homem nasceu livre, E EM TODA PARTE SE ENCONTRA SOB FERROS. De tal modo acredita-se o senhor dos outros, que não deixa de ser mais escravo que eles. Como é feita essa mudança? Ignoro-o. Que é que a torna legítima? Creio poder resolver esta questão.
Se eu considerasse tão-somente a força e o efeito que dela deriva, diria: Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor; porque, recobrando a liberdade graças ao mesmo direito com o qual lhe arrebataram, ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em absoluto para subtraí-la. Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de alicerce a todos os outros. Esse direito, todavia, não vem da Natureza; está, pois, fundamentado sobre convenções.” Contrato Social. Rousseau. CAIXA ALTA NOSSA.
A liberdade é aparente, com olhos de ver e formação encadeada na sociologia ficam claros ESSES GRILHÕES.
Será que resta cair nos braços de “Nietzsche (quando) em sua critica livre, desconsiderando as conquistas dos valores morais maiores, tenta, repito, tenta desmistificar o bem diante da crua realidade humana. “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.” Celso Felício Panza, in “A Inteligência de Cristo”.
Temos então já que o homem é a base do estado construído pela sociedade, o “edifício defeituoso, que, pesando consideravelmente em sua própria época, cairá, sem que nada possa ser feito, sobre as cabeças de sua posteridade.”, como dizia Hobbes?
Só para refletir sobre o que conta a história com o homem em seu epicentro.