Oiram e o diálogo no escuro

Oiram e o diálogo no escuro

Eis que pensa que sou nada diante do seu tudo. Engana-se! Eu existo, estou e você passeia por alguns; não tantos, porém, muitos. Não importa de onde eu vim, mas eu vou e você? Você que sempre se encontra está se perdendo, não percebe? Eu faço inimigos, crio algozes, invento dominadores e vejo você continuando com seu discurso “do deixa pra lá”; perdão -pecado. Meus sequazes não seguem a minha cartilha, eles rasgam as ordens e determinam as suas vidas. Não faço regras, dou-lhes Esdras-pedras. As pedras que não foram arremessadas. Sou a rosa-dos-ventos perdida e a ampulheta do tempo que se quebrou. Faço o início o meio e o fim; mas faço o meio, o fim e o início. Sou a desordem que quero ser. Refaço o mundo com a caneta e o papel que me é permitido e vejo você se repetindo em velhas palavras; obsoletas.

Estamos do mesmo lado; a moeda tem que pagar os impostos – vida e morte. Eu compro e não pago a existência e você recebe quantias enormes, a prazo, pelo muito e longevo. Liberdade não é uma palavra qualquer. Livre é o pensamento vazio.

Não prometo a glória, ofereço o descaso. Eis que vejo você oferecendo a torto e a direito, o impossível.

É pobre ver a vida refém do além.

O mundo não pode pagar pela despesa que você fez.

Eu não mostro caminhos; ofereço as opções.

Sou eu, a Víbora que envenena seus seguidores e os mata com a existência em cornucópia.

Falo com você, mas me responde com desdém. Defenda-se! Acuse-me!

Estamos sozinhos na noite sombria e resiste ao meu argumento?

Estou em carne, osso e dor. Estou agonizando em pensamentos e deblaterando a esmo.

Já que não responde, deixo-lhe algo.

Seu discurso esta sendo negado com o tempo. Sinto por você não se encontrar e nem se perder. Eu estou e não estou, mas sou! Somos!

Oiram