A coisa mais radical que eu fiz
Eu havia planejado um fim de semana inteiro sem fazer absolutamente nada, mas o entusiasmo dela era tão grande que eu concordei em acompanhá-la num passeio radical. Ela queria fazer uma reportagem sobre um enduro do Jeep Club de Curitiba e já havia arrastado um amigo meu para ser o câmera. Fui nomeado Assessor para Assuntos Aleatórios e parti com os dois na direção de Campo Magro, onde aconteceria a competição.
Não era, evidentemente, o tipo de programa a que eu estava habituado. Até então, a coisa mais radical que eu havia feito era ter passado de bicicleta numa lombada eletrônica a 60 quilômetros por hora – e isso aproveitando o embalo de uma ladeira deserta. Não tenho muita atração pelos momentos de adrenalina. E achei que ao menos no caminho até o local da prova eu não teria maiores sustos. Mas não era este o pensamento do motorista do nosso jipe, que achou por bem jogar o carro dentro de um buraco em forma de U. Revi toda a minha vida naqueles instantes em que o jipe patinava ferozmente para tentar escalá-lo. Foi o nosso batismo, nosso e o da câmera, que ficou cheia de barro.
Depois disso, nós descemos para filmar a passagem dos competidores em um PC – Ponto de Controle. Tivemos sorte, pois o primeiro jipe que apareceu por lá tombou na nossa frente. Coisa leve, apenas para ilustrar a nossa reportagem. Fizemos imagens muito boas ao longo do dia. Pessoalmente fiquei muito aliviado, pois achei que ia ficar por isso mesmo, nós tranquilamente filmando os jipes enquanto comíamos uma carne assada.
E teria sido realmente assim, se o nosso motorista não nos convidasse para uma pequena aventura pelas trilhas da região. Entramos em terríveis lamaçais, ocasiões em que o jipe quase virava, enquanto eu fechava os olhos e encomendava a minha alma. Nada aconteceu, mas quando estávamos numa inofensiva reta o motorista perdeu o controle, bateu numa árvore e nós tombamos no meio do mato. Dizem que foi para testar as grades do jipe.