Razão? Nesse caso não, obrigado!
E por quê os olhos? São por eles que muitas das vezes enxergamos o coração. Algo que queira dizer que a boca silencia, que a razão não deixa dizer. Se existe mesmo verdade, é através dos olhos que a entendemos, quiçá sentimos. Eles têm poder de dar luz ao poeta, de fazer se mostrar vivo um desejo, um anseio, uma dúvida, um carinho… Acredito que seja por ele que se demonstram os principais sentimentos.
E se for necessárias lentes? Elas tem a função de, as vezes, tentar e somente tentar disfarçar a voz dos olhos, encobrir um brilho sutil que, num tom mel, foi direcionado, melodicamente querendo dizer o que o coração gritou e sem sucesso ficara sucumbido entre os dentes. São os olhos que dizem quando não mais a boca quer dizer, quando não mais a razão deixa falar.
Tendem, as pessoas, se acuar diante da tentativa de outrem olhar nos seus olhos. Acovardam-se pelo fato de a linguagem dos olhos ser decifrada quando essa for sentida. Sentir. Qual seria mesmo a razão de tentar definir sentimento quando somente deve ser sentido? Um erro. Ou melhor, incoerência. Tal qual querer que um peixe tenha vida terrestre. Tal qual querer que um gato gorjeie a linda melodia de um canário-belga. Tal qual querer que o ser humano viva sem sentir.