SALVAR SUA VIDA.MORRER VIVO.

Salvar a própria vida ou morrer vivo. Por quê? Medo de perdê-la.

O tempo acaba para tudo e tudo transforma, só não acaba para ele mesmo, é a única testemunha de si mesmo sobre tudo que ocorre, ocorreu e ocorrerá. Tivesse livro escrito, tudo estaria lá, assentado sem caminhar na dúvida.

De nada adianta as ciências fazerem as costumeiras digressões e afirmações, por isso mudam sempre.

Ciências curativas e preventivas progrediram, e essas são louváveis, acabaram com muitos sofrimentos. E é bom repetir quanto se deve a Salk e Sabin, quantas vidas deixaram de ter “paralisia infantil”, exércitos de infantes. Reverência ilimitada é pouco para estes “anjos das crianças” e das vidas libertas em movimento. Outras causas de paralisia acometem as crianças que vemos nas ruas, sofridas e sofrendo com seus pais.

Não se escapa do medo. Das fobias que não são poucas, é preciso administrá-las, são tantas e impossíveis de listar, desde medo de avião ao medos justificáveis.

O grande medo no fim da linha é de perder o maior bem, a vida. É o medo hierárquico no vértice de todos os medos. Compreende-se. É maior valor, dele decorrem os outros, todos.

Nada resolve o medo patológico, nem ansiolíticos, nem terapia psíquica, nem derivativos que se tornam vícios e levam a outras doenças.

A famosa e “moderna” doença do pânico, por medo, move universos. A vida é mar revolto de dificuldades que as emoções enfrentam timidamente, é preciso aparelhamento para viver. Viver dá trabalho, é difícil.

E o medo, paradoxalmente, impede a vida, o mesmo sentido do objeto de proteção, a vida que se quer proteger, se extingue. O que se protege está comprometido. Já não se vive! O paradoxo é gritante e a contrariedade clara. Já não se vive por medo, a vida que se quer preservar não é vivida. Atentem para essa equação irrespondível.

Perdendo a noção de realidade, vive-se a irrealidade, uma dureza para a vida que se quis proteger e não se vive, se arrasta entre ficção e sonho irrealizável, é triste. Mas nada se pode fazer, é maior que a vontade essa força, entende-se.

Somado, hoje temos o efetivo e terrorista medo da insegurança pelos crimes cometidos e que o Estado não inibe, por sua conduta inerte e omissa incentiva o crime, mas é preciso viver, salvar a vida aprisionada pelo medo, sem o que já estaríamos mortos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/02/2014
Reeditado em 09/02/2014
Código do texto: T4684146
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