O ESPELHO

Ao se olhar no espelho viu um reflexo diferente, reflexionou-se a si. Ao se olhar nos olhos, penumbres, já não eram mais castanhos. Reflexo. Questionou ao espelho: Quem é você? Como resposta ouviu um silencio tênue. O espelho sabia que a imagem já era agressiva demais para se expressar com palavras, sejam lá quais fossem.

Velho! Exclamou. Quem é velho? O espelho. Disse ele. – Assim espero.

Há oitenta anos quando se olhou nesse mesmo espelho, o espelho era tão novo. Seu reflexo era tão novo, sua alma era tão nova. E lembraste de um tempo mais antigo ainda, quando era apenas uma criança que brincava com esse espelho, imaginando existir ali uma outra dimensão, onde por de trás do espelho um outro ele ali vivesse, e uma outra escola ali frequentava, uma outra vida ali vivia, uma vida onde as coisas das quais em seu mundo davam errado, e lá davam certas.

Com sua bengala e sua cara enrugada, olhou no espelho e viu descer uma lagrima. Com sua cara e sua lagrima quebrou o espelho com a bengala. E entre cacos no chão se viu em mais de uma dimensão. Caiu no chão e acordou no mundo dos espelhos, onde toda sua vida se refletia em espelhos enormes. Era o inferno. E o inferno era reflexo de sua vida.

Brenner Vasconcelos Alves
Enviado por Brenner Vasconcelos Alves em 08/02/2014
Reeditado em 08/02/2014
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