Crônica O Nordeste.
Quando as primeiras gotas de chuva caíram do céu, viu-se pouco à pouco renascer a esperança de dias melhores na vida calejada do irmão sertanejo, fazendo brotar a semente da fartura em solo outrora castigado pelo sol abrasador dos trópicos, dissipando finalmente toda a tristeza que havia em seus semblantes. A paisagem esmorecida e empalidecida criada pela severidade da seca finalmente deixa de existir quase que como um passe de mágica. O mundo fica mais colorido, mais festivo e mais encantador. Da terra, tudo passa a brotar: feijão, milho, cana de açúcar...e até o capim que servirá de alimento para o gado antes emagrecido pela fome inclemente.
Das igrejas de pequenas cidades do interior, pode-se ouvir o badalar de seus sinos, anunciando o início da procissão em homenagem à São José, padroeiro das águas. Pessoas de todas as idades, de todas as cores e classes sociais rezam com mãos erguidas ao alto fervorosos pais-nossos e ave-marias e cantam em uma só voz:
"São José, à vós nosso amor, sede o nosso bom protetor, aumentai o nosso fervor".
Vítimas da impiedade da natureza ou da passividade dos homens em relação à ela, àquele momento não importava. Une-se o nordestino em torno da fé e nela se canaliza a crença em dias melhores.