SAUDADES DA PROFESSORINHA

Quem de nós não se lembra da sua primeira professora, aquela boa alma da primeira infância que nos ensinou o “bêabá”, com doses generosas de paciência e carinho? Alta ou baixa, magra ou bem fornida de carnes, loura, negra ou morena, cabelos lisos ou anelados, olhos verdes, negros ou castanhos, o fato é que a imagem da primeira mestra fica sempre gravada em nossas mentes para o resto da vida.

No meu caso, a Dona Ivone, branca, alta, cabelos castanhos claros, óculos de grau, dentes alvíssimos, perfeitos, faces afogueadas e um sorriso perene nos lábios carnudos.

Eu aos sete anos, curso primário no “Grupo Escolar Tito Fulgêncio”, bairro da Renascença em Belo Horizonte/MG, assistia às suas aulas nas primeiras carteiras, focado nos ensinamentos, participativo. Uma vez Dona Ivone foi à minha casa, conheceu minha mãe e nove irmãos, tomou café conosco e teve uma prosa boa com a dona Flaviana, por quem manifestou respeito e admiração.

Pois hoje, sábado de muito sol e calor, fui almoçar no estabelecimento do meu amigo Sergio, “chef” caboclo de grande intimidade com as panelas. É também um devorador de livros, mente aberta e sensível. Não nos víamos desde a passagem do ano, estava saudoso da sua prosa agradável e fui surpreendido com uma pratada de arroz com vários pés e pescoços de frango, quiabo, cebola, molho e pimenta, fora do seu cardápio costumeiro. Era comida que ele fez para ele mesmo, segundo me disse. Ah, prezado, como estava saboroso o rango do “Chef” Serjão. Comi que nem um padre! ...

Aí ficamos proseando e ele me falou da sua primeira professora, Dona Droglésia, mulher alta, descendente de italianos, amorosa e muito doce com seus alunos. Ela tinha o costume de, após a aula, pedir a um aluno para ajudá-la com os livros e cadernos até a sua casa. Iam conversando pelo caminho, dois ou três quarteirões apenas. No seu lar, a mestra oferecia um sanduíche ou bolo ao seu aluno, conversava sobre as aulas, ela procurava dirimir suas dúvidas e, ao final da visita, pedia ao marido que levasse a criança de carro até sua morada, para o sossego dos pais da criança. Quanta diferença para os dias de hoje, não?

Despedi-me com um forte abraço e o Serjão reiterou o convite para saborear uma paca, uma das suas especialidades. Não há de faltar ocasião, meu amigo. Aqui deixo o meu agradecimento, meu abraço e votos de um felicíssimo 2014 para você e os seus!...

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08/02/14

Dedico esta crônica às mestras e professoras do meu Brasil varonil, que batalham de norte a sul, leste a oeste, arrostando as maiores dificuldades para educar seus alunos, preparando-os para um futuro melhor! ...

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 08/02/2014
Reeditado em 09/02/2014
Código do texto: T4683399
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