A voz do Papa
Disseminam pela internet, supostas declarações atribuídas ao Papa Francisco. Desconfio que sejam ‘afirmações’ fraudulentas, já que os sites não fornecem as fontes responsáveis por tal notícia, deixando-me ressabiado quanto a sua idoneidade. Depois, mediante o caráter prodigioso das informações, acho que uma revolução, sem precedente, já estaria acontecendo e assentando o nosso século em um patamar privilegiado na História da Humanidade. O fato é que, realmente as notícias parecem elucubrações utópicas, colocando na boca do Papa coisas do tipo: ‘não há fogo no inferno, Adão e Eva não são reais’ e que “todas as religiões são verdadeiras, porque elas são verdadeiras nos corações de todos aqueles que acreditam nelas”.
Extraordinário, não é?!
Por isso, mesmo que o Papa não tenha dito nada do tipo, ler essas ‘inverdades’ me fez lembrar do discurso célebre (Eu tenho um sonho) de Martin Luther King, pois parafraseando-o eu também tive um sonho e nele um homem era capaz de abrir as janelas da Igreja Católica; fazendo entrar ares puros e límpidos, transformando em novas, velhas estruturas. Abrindo mão de arcaicos dogmas e crenças incompatíveis com a natureza amorosa de Deus.
Sim, nesse sonho as religiões não precisariam amedrontar os seus fiéis com o julgo do inferno, uma vez que pela maturidade da fé teriam galgado uma outra compreensão, abandonando a certeza da existência de um inferno literal, onde são encaminhadas pessoas destinadas a sofrerem eternamente. Pelo contrário, no sonho o povo contemplaria um Deus pai e mãe que ama infinita e incondicionalmente toda a sua criação, fazendo conosco um pacto de real amizade. Assim, não existiriam aqueles que depositam sua devoção num deus sabotador e condenador, esses, agora, se negariam a prestar culto ao deus juiz, tirano e sanguinário.
Era, definitivamente, uma bela imagem, pois as trincheiras da intolerância e violência tinham sido destruídas, reduzidas ao insignificante pó; sendo edificados nos seus lugares o respeito mútuo entre todas as religiões, que agora eram caminhos diferentes, porém convergindo para a mesma verdade. Já não era importante o detalhe de seguirmos por caminhos diferentes, desde que alcançássemos o mesmo alvo.
Tudo bem! Antecipando-me aos ataques histéricos e declarações vindas dos tradicionalistas, ortodoxos e intransigentes, vou logo dizendo que tudo aqui não passa de devaneios... desde a notícia, até o meu surto reflexivo. Mas, “Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades contemporâneas, eu ainda continuo tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no amor ao próximo com todas as suas diferenças”.