TERNINHO
Era uma mulher simplória, mais simplória impossível.
Ganhava a vida trabalhando como empregada doméstica. Vivia num cortiço, com duas irmãs bem mais velhas que ela e com o filho de uns quinze anos, portador, desde o nascimento, de uma doença incurável. Ela sempre soube que o menino não iria longe.
O dia fatídico chegou. Procuramos ajudar, arcamos com as despesas do funeral. Mas ela estava inconsolável. Chorava, evidentemente, a morte do filho. O que mais a angustiava, no entanto, era o fato de não ter terno e gravata para enterrá-lo. Inútil argumentar que isso era bobagem.
Pai e mãe, generosos, providenciaram a roupa.
Um sorriso ocupou seu rosto:
-- Agora, sim, com o terninho, ele pode se apresentar a Jesus.
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