Olhos Castanhos
Eu ainda me lembro bem do dia que ia e vinha nessas andanças da vida e nunca te reparei. Você estava sempre lá, parado, engravatado, observador, encostado no muro com os amigos. Para mim, você era apenas um qualquer, um número..sei lá. Algo sem importância. Um dia eu te vi no metrô e te reparei, mas nada demais. Você era apenas um cara no metrô da Sé lotado ás 18:00h da tarde.
Até que nessas ciladas do destino meus olhos se cruzaram com os seus e eu nunca esqueci do mistério e profundidade que havia neles, a partir daí, como se tivesse bebido as taças de poção da Afrodite- eu me apaixonei á primeira vista e perdidamente. Porém, mais um capricho o destino me aprontou- aquele homem dos lindos olhos castanhos- já tinha alguém-para a minha tristeza e o meu desespero.
Nesse joguete de olhares nunca sequer foi dita uma palavra-foram sensações de alegria, medo, angústia, desespero e tortura. Como se permitir amar alguém quando este alguém já tem um outro alguém? correto não é; não existe o que é proibido é mais gostoso nesses casos. Só existe a taça da amargura e desilusão para quem prova dela.
Foram anos me escondendo- negando- aceitando-até que um dia eu resolvi sem nunca ter dito nada a ele, ir embora para sempre e deixá-lo sem saber que um dia eu esperei ansiosamente que ele viesse-como os poetas esperam pela sua bela amada que nunca chega....eu o esperei-bêbada no bar, em jogos de cartas, vomitando, chorando- morrendo por dentro- cortando até os meus ossos.
Extremamente ridículo? sim porque foi platônico- essa história sempre ficará no: Se, Seria, Poderia, Queria. Mas não foi. Como em uma vela que queima- a chama se apagou....e morreu para sempre essa história.
Se eu esqueci? eu não sei. Mas a gente aceita as peças que o destino nos prega. Já vi muitos olhos azuis, verdes, mel, mas nunca igual aqueles olhos castanhos como o mar em tempestade.
Eu me apaixonei por um olhar? acho que sim, mas eu nunca vi o mar fora daqueles olhos castanhos...