PASSEADOR DE CACHORRO

Uma das muitas coisas que nos chamaram a atenção em Buenos Aires (Argentina), foi a quantidade de pessoas passeando pelas praças, ruas e avenidas com cães, com coleiras e coletes, atados em guias. Vimos um rapaz que conduzia dez animais de diversos tamanhos.

Segundo o que nos informou o guia da excursão, sete em cada dez portenhos criam, pelo menos, um cachorro.

Não importa se eles vivem em mansões ou em minúsculos apartamentos, no centro ou na periferia o fato é que o número de animais, não humanos, chega às raias do absurdo.

O comércio PET é cada vez mais florescente, criando alternativas de emprego na caótica economia argentina.

Além das lojas e salões, para onde os cães são levados semanalmente, criou-se a função “Passeador de cachorros” e a partir daí é muito comum ver-se esse profissional acompanhando os animais, presos nas guias ou eventualmente soltos, por todos os cantos.

Uma ou duas vezes, por dia, essas pessoas passam nas residências, pegam o cão e o levam para passear por várias horas.

Esse serviço tem várias vantagens para os animais, seus donos e para o passeador.

Os cães são tratados com carinho pelos passeadores e podem socializar com outros da sua espécie.

Aos donos dos animais fica a vantagem de poder se dedicar aos seus compromissos e atividades com a tranquilidade de que seu animal vai fazer os exercícios de que necessita e não vai desenvolver as patologias próprias dos animais confinados e condenados à solidão.

O passeador recebe um salário mínimo por cada animal que ele cuida e tem a obrigação de recolher os dejetos.

Em tempos de desemprego formal, quando muitos postos de trabalho foram extintos, é uma grande oportunidade, principalmente para a mão de obra ociosa e não qualificada, vez que para exercer essa função a pessoa só precisa gostar de animais e ter bom senso.

Por outro lado, há o problema sanitário porque os cães são transmissores de várias zoonoses, sendo a raiva (hidrofobia) a mais preocupante que pode contaminar toda a população canina, não vacinada, e eventualmente os seres humanos.