A MÃO ESTENDIDA




A vida nem sempre nos dá uma segunda chance!
E quando perdemos o rumo, o giro, a direção, o prumo,
quase nunca sabemos, sozinhos, como recomeçar.
De repente tudo escurece...
Tudo perde o sentido, o domínio, o equilíbrio, e por vezes nos perguntamos:
... - Como reencontrar o caminho?

E quantos ficaram para trás?
Quantos não se reencontraram, ou perderam-se definitivamente pela estrada?
E a história não registrará nenhum... Pois a história não guarda os vencidos.
Apenas,
quando muito, os ressuscita, numa advertência aos pósteros.

Não haverá, em lugar algum, reverência aos vencidos.
- Quando muito, uma alusão piedosa, àqueles que fracassaram.
Nenhum escrito... Nenhuma tabuleta...
E por vezes, à morte... Nem mesmo uma lápide.
Ou qualquer outra coisa, ou qualquer coisa que o valha.
- A não ser o açoite dos que lhes restaram!
- A não ser o infortúnio dos que choraram a sua desgraça!

Quantos caminharam em círculos?
- Quantos sequer caminharam?
E pela rotina dos dias; pela cumplicidade das horas;
Edificaram, passo a passo, e sobre um alicerce macabro,
a desgraçada consciência de que nada mais lhes restavam.

Negaram-se a todos os sonhos.
E a todas as possibilidades se negaram.
E às expectativas de todos aqueles que lhes apostaram.
Negaram-se, também, a todos aqueles que por si soluçaram.
E muito mais negaram... - A si mesmos negaram.

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Conta-se ter visto uma sombra na mesa d'um bar.
O espectro chorava... Maldizendo a existência anterior.
- Chorava pelas oportunidades perdidas!
- Chorava por ter desperdiçado a vida!
E ainda mais chorava,
- Por não ter aceitado o chamado!
- Ou se negado a apertar aquela mão estendida!



 
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Oração da Serenidade!

Concedei-nos Senhor,
A serenidade necessária para aceitar as coisas
as quais não podemos modificar.
Coragem para modificar aquelas que podemos.
E sabedoria para distinguir umas das outras.

- Prece de Alcoólicos Anônimos -



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DIAS DE ALEGRIA


A alegria invade todo o nosso Ser
Quando nos sentimos amparados,
Pelos amigos, família, bem cuidados
E retribuimos sempre, com prazer.

O dia amanhece mais colorido,
Vemos a beleza nas fotografias...
Que mostram as flores e sua energia,
Num pequenino arranjo tão florido.

Delicadezas de almas formosas,
Que também admiram a natureza,
Louvando assim, o Nosso Criador.

Camélias e azaléias cor-de-rosa,
Transmitem alegria e a certeza:
Ainda existe no mundo, muito amor!

Adria Comparini



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INTERAÇÃO



Encontro-me, sem mundo
Sem história, sem guarida...
Largado, aos becos da vida;
Na sombra do que restou!

Sou do mundo... Pesada carga,
Sou retrato sem moldura,
Em branco e preto... E em rasura,
Que num canto qualquer, se larga!

Perdido no tempo, e sem rumo,
Estou vagando à deriva,
Com falsa perspectiva,
Às quedas, por me faltar aprumo!

Choro, por não mais ter o alcance,
Daquele "lance"... De um recomeço;
Porém; sei e não me esqueço,
Perdi de ti... A segunda chance!

Resta-me, a mesa do bar!
Onde maldigo minha existência,
Reverencio minha impotência,
E vejo tudo se acabar!

Sofro, por não atender o chamado...
Sou espectro, em penitência,
Alma pecante em emergência,
Por tua mão estendida, ter negado!

Assim, me CALO; engulo o BRAMIDO;
Saio de cena!
Sou pelo mundo, VENCIDO!

Aila Brito



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VENCER


É no medo que se encontra à força.
Não é escapando assutado, do laço da forca.
É na vida que reside à sorte.
Não é fugindo do aperto, do abraço da morte.

É inspirado na lua que se busca o amor.
Não é escapando do sol, que se amena este calor.
É na clareza do escuro que se obtém a visão.
Não é fugindo da luz, que se engana a ilusão.

É na realidade que se esbarra com os sonhos.
Não é escapando da fantasia, que se abrem os olhos.
É no horizonte que se conquista o futuro.
Não é fugindo do presente, que se transpõe este muro.

É no sacrifício que se depara com a verdade.
Não é escapando da mentira, que se supera a maldade.
É na batalha diária que se consegue a vitória.
Não é fugindo da luta, que escrevemos a história.

É no sossego da mente que se merece o descanso.
Não é escapando da crueldade, que se afasta este pranto.
É na riqueza da alma que se ganha à humildade.
Não é fugindo da pobreza, que se alcança a felicidade.

Claúdio A Broliani



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VENCIDA


Não me convide há aplaudir os dias
Sempre tão iguais nesta existência
Ínfima.

Não me convide a brindar o amor
Sempre "recantado' em prosa
Ou
Versos "sonetados" neste espaço virtual
Que, por vezes, parece "tão real"!

... Convide-me a questionar a vida
E a razão de nela estar
Sem nunca
Ter pedido qualquer explicação.

... Convide-me a perquirir caminhos
Que em meus sonhos mais profundos
E talvez "profanos"...
Jamais ousaria
Admitir que os desejassem...!

... Convide-me a ser exatamente igual
A qualquer ser
- que por humano ser -
Permitir-se-á sempre
- Por prazer ou agonia -
Dizer-se VENCIDO...!
... Ante os inexplicáveis "porquês".
Que nascem e nascerão...l
- Ainda que o festejado amor seja idealizado sempre -
... Embora, nunca, jamais, tenha ousado
Visitar-me sem qualquer pretensão
De Ser ou não Ser!

Liliane prado
- Exercício Poético -



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Olá Poeta, boa noite! Ouso resumir-te:

De repente tudo escurece
E quantos ficaram para trás?
Quantos sequer caminharam...
Negaram-se a todos os sonhos
A si mesmos negaram
Por não "terem" aceitado o chamado
E a mão estendida apertado!

Como vês, são todos teus versos.
Nada mais quero intuir do que levar-te a pensar
que a dor pode ser bem menor
do que a supões.
Tenta minimizá-la, 
como eu fiz em minutos.

Abraço, Odete
- DTL Gonçalves -