DOIS AMIGOS
Aos domingos, a Av. Barão do Rio Branco, em Petrópolis, tem metade de uma de suas pistas fechada para carros a fim de que as pessoas possam caminhar, correr, andar de bicicleta, patins, skate, etc. Geralmente vou cedo, antes do sol forte. Há dois domingos tenho observado uma cena linda, comovente e curiosa: dois cães amigos, que ficam caminhando e brincando juntos pela pista, de lá para cá.
Um deles é grande e preto, e o outro menor, algo entre marrom e amarelo. Eles às vezes apostam corridas um com o outro, e quando o que está atrás se aproxima, o que chegou na frente volta correndo e ‘cai’ em cima dele com mordidas e lambidas. Então a brincadeira recomeça... Às vezes, fico preocupada, pois eles atravessam a pista, para o lado em que passam carros, mas eles parecem cães escolados, e conhecem os perigos do trânsito.
O último domingo foi engraçadíssimo, pois ambos sumiram de repente. Minutos depois reapareceram, encharcados e felizes. Devem ter entrado no rio para refrescar. Sorte a deles, não terem deparado com um dos membros da família de capivaras que habita o rio! Certa vez, elas morderam um vira-latas mais atrevido, deixando-o com um bom pedaço de pele dependurada no peito, e ele teve que ser costurado.
Observar os dois é muito agradável, e as pessoas que passam por eles sorriem e se viram para olhar mais um pouco. Às vezes eles vão atrás de alguém que brinca com eles, seguindo a pessoa por algum tempo. São cães felizes, ambos bonitos e parecem bem saudáveis. Quem sabe, morem em alguma casa por ali, ou sejam, simplesmente, cães de rua?
Escuto atrás de mim um cão latir, ansioso. O dono diz: “Fica quieto, não pode!”
Ouço-o arfar de insatisfação, e quando eles me ultrapassam, vejo que o cão na corrente observa os dois amigos que brincam e correm livres, molhados e felizes. Acho que ele desejaria estar com eles.
Penso que talvez o cão de coleira, que segue junto ao seu dono, pode estar sonhando com as vantagens de não se ter pedigree...