" Porque para amar,
nem sempre precisamos de palavras "
Quando eu era criança, meus pais decidiram se mudar de Porto Alegre para Gravataí.
Fomos para um bairro onde quase todos os vizinhos criavam vacas, cavalos, porcos, ovelhas, galinhas, cabritos entre outros animais. Tudo muito diferente da grande metrópole.
Lembro-me que o casal que morava em frente à nossa casa, criava muitos deles.
Gostava muito quando minha mãe me levava na casa desse casal. Já que não avistava crianças nas casas vizinhas, pelo menos podia brincar com os bichos da casa do Coronel.
Ah... e eu adorava brincar com os cabritinhos.
Lembro-me que certa vez quis montar em um deles e minha mãe disse:
- Não filha... Ele é filhote.
Aí percebi que ambos éramos crianças.
Passei a brincar com ele sempre que podia. E seus olhos já brilhavam de alegria sempre que eu o chamava na cerca.
Certa vez fomos convidados para uma festa na casa do Coronel. A esposa dele ia receber muitas pessoas para o jantar. Então ela passou o dia carneando porcos, e cozinhando galinhas.
Ao chegarmos para o jantar, corri para brincar com o meu amigo cabritinho, mas não o encontrei...
Foi quando me disseram que ele havia fugido por uma das frestas do cercado.
Naquela noite, além de carne de porco e galinha, serviram também carne de cabrito. E naquela mesma noite, aprendi que infelizmente nem todos possuíam sensibilidade para entender aqueles que falam com os olhos.
Denise Matos